'Quase joguei a toalha', diz Lira sobre reforma tributária
Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados, afirmou que quase desistiu de aprovar a reforma tributária diante das dificuldades enfrentadas no começo das negociações. As declarações foram dadas durante um evento para empresários com maia de 400 pessoas realizado nesta segunda (24) em um hotel na Zona Sul de São Paulo.
Quase joguei a toalha na quarta. Na quinta, bebi um copo d'água e conseguimos aprovar o texto na sexta
Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados
O que aconteceu?
Reforma não tinha votos para ser aprovada quando foi posta em discussão. Na quarta-feira, 5 de julho, Câmara ainda não tinha consenso sobre o texto e apoios importantes, como o do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), haviam acabado de ser conquistados pelos defensores da proposta.
Lira afirmou que ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), foi "importantíssimo para aprovação" da reforma tributária na Câmara. Ele já havia elogiado o ministro anteriormente. Segundo Lira, Haddad foi pragmático nas discussões sobre o texto, que, para o deputado, deve tornar produtos e serviços mais baratos - reduzindo assim a desigualdade social. Ele também destacou o papel de Tarcísio, que não se opôs ao texto, como fizeram antecessores seus no cargo.
Apesar dos elogios, Lira criticou "timing" para discussão sobre tributação de grandes fortunas. Para presidente da Câmara, governo devia encerrar tramitação de reforma tributária antes de discutir criação de impostos sobre fundos de super-ricos, tema trazido à pauta por Haddad na última semana. Estratégia evitaria desvio de atenção para assunto considerado mais delicado.
"Não censurei nada", diz Lira sobre reportagens censuradas. De acordo com presidente da Câmara, textos que abordavam supostos casos de violência doméstica se baseavam em informações inverídicas, julgadas pelo Supremo Tribunal Federal, e interdição de circulação foi baseada em seu direito de se defender.
O que mais se sabe?
Lira diz não ter conversa marcada com Lula. Em entrevista coletiva, deputado negou que tenha encontro marcado com presidente da República para discutir reforma ministerial e outros temas. Presidente da Câmara informou que ficará em Alagoas até 30 de julho, o que impossibilitará o encontro.
Expectativa de Lira é ter reforma tributária aprovada pelo Senado ainda este ano. Deputado espera que senadores aprimorem o texto aprovado na Câmara. Ele frisou, porém, que o Senado deve gastar o tempo que precisar para analisar a matéria.
Reforma administrativa é o próximo passo, diz Lira. De acordo com presidente da Câmara, revisão de custos com cargos e outras despesas do governo federal ajudará a estabelecer teto para gastos públicos no país. Aprovação do texto recebeu apoio de Isaac Sidney, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Organizado pelo ex-governador paulista João Doria, encontro discutiu reforma tributária. Os deputados federais Elmar Nascimento (União Brasil-BA), Carlos Sampaio (PSDB-SP) e representantes de diversos setores da economia também estiveram presentes no evento.
O que disseram os envolvidos?
Reforma tributária nos livrará do manicômio tributário em que o Brasil vivia e em que vive até hoje. Estamos adotando sim um modelo tributário que nos aproxima das economias mais maduras. O Brasil não pode ter alíquotas diferenciadas e outras situações do tipo dentro de um mesmo setor
Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados
De todas as reformas estruturantes, e a única que falta é administrativa, já que aprovamos a trabalhista, a previdenciária e a tributária. A ideia é discutir algo que não vá tirar direito de ninguém e só tenha validade a partir do momento que for aprovado. Será uma regra para diminuir despesas. Temos um texto pronto sobre isso na Câmara, mas precisamos construir apoios para analisá-lo e não temos previsão de quando isso irá acontecer
Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados
Reforma tem marca da liderança do presidente Lira, sem sombra de dúvidas
Washington Cimel, empresário