Milícia, bicho, ostentação: quem é Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle

O sargento da reserva da Polícia Militar Ronnie Lessa, 52, autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, segundo delação do ex-PM Élcio de Queiroz, foi apontado como chefe de milícia na zona oeste carioca e dono de um bingo clandestino na Barra da Tijuca

Quem é Ronnie Lessa

Lessa foi preso em 12 de março de 2019, junto com o ex-PM Élcio, que confessou ter dirigido o carro usado no atentado ocorrido um ano antes. Em delação premiada, Élcio disse ambos se conhecem há mais de 30 anos — e que tem uma "dívida de gratidão" com Lessa.

Expulso da PM em fevereiro deste ano, Lessa pesquisou o CPF de Marielle Franco e da filha da ex-vereadora dois dias antes do crime, segundo a delação de Élcio. Depois, ele pesquisou na internet o endereço que estava no cadastro, que já havia sido dela.

A ficha criminal do ex-PM inclui investigações do Ministério Público por suspeitas de ligação com o jogo do bicho — ele sofreu um atentado a bomba ao sair do batalhão. O crime, que levou o policial a perder uma das pernas, teria sido um acerto de contas entre bicheiros. Segundo a Polícia Civil, a investigação sobre o atentado está arquivada desde 2013.

Quatro meses após a morte de Marielle, PMs apreenderam mais de 80 máquinas caça-níquel em restaurante na Barra da Tijuca servia de fachada para um bingo clandestino. O UOL apurou que Lessa chegou a reclamar da apreensão com policiais da 16º DP.

A suspeita é que Lessa também atuava no ramo de tráfico de armas. Na casa de um amigo do sargento aposentado, policiais civis efetuaram a maior apreensão de fuzis da história do Rio de Janeiro. O ex-sargento foi condenado por tráfico internacional de acessórios de armas de fogo.

Ele foi apontado ainda como um dos chefes do grupo paramilitar atuante nas comunidades de Rio das Pedras e da Gardênia Azul, ambas na zona oeste da capital, dominadas pela milícia.

O ex-sargento também atuava em negócios de distribuição de galões de água, segundo as investigações. O sócio dele nesta empreitada seria um outro policial militar da ativa. Antes de ser preso, Lessa planeja expandir seu negócio de distribuição de água para áreas dominadas por traficantes de drogas do Rio.

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Quando foi detido, Lessa ostentava um padrão de vida acima de seus rendimentos oficiais de R$ 7 mil como sargento da reserva. Ele morava em um condomínio na Barra da Tijuca, cujas casas são avaliadas em pelo menos R$ 3 milhões. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem sua residência no Rio no mesmo condomínio.

Lessa comprou por R$ 100 mil uma lancha que usava em condomínio de luxo em Angra dos Reis (RJ). Ele pagou R$ 600 mil por um lote do condomínio, como revelou reportagem do UOL.

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