Imóvel de Lessa vai a leilão; dinheiro pode indenizar família de Marielle
Tiago Minervino
Colaboração para o UOL, em São Paulo
26/07/2023 18h47
A juíza da 1º Vara Cível de Angra dos Reis (RJ), Andréa Mauro da Gama Lobo D'Eça de Oliveira, autorizou o leilão de uma propriedade de Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle Franco e Anderson Gomes. O valor arrecadado pode ser usado para indenizar os familiares da vereadora e do motorista.
O que aconteceu:
O terreno, avaliado em R$ 520 mil, possui área total 3.430 metros quadrados, fica em um condomínio de luxo em Angra, e é cercado de segurança, com monitoramento 24h.
Ao UOL, o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) explicou que o valor arrecadado com a venda do imóvel será usado para quitar dívidas que Lessa tem com o condomínio Portogalo e também de IPTU que, juntas, somam mais de R$ 100 mil.
O restante do valor ficará bloqueado por determinação judicial e poderá ser usado para indenizar as famílias de Marielle e Anderson, quando a Justiça determinar.
O leilão será realizado de forma híbrida no Fórum de Angra dos Reis em 26 de agosto. O valor inicial para adquirir a propriedade é de R$ 520 mil.
Indenização
A reportagem apurou que "muito provavelmente" os parentes da vereadora e do motorista serão ressarcidos pelas mortes de seus entes.
Desde a prisão de Ronnie Lessa, em 2019, a Justiça do Rio determinou o sequestro de propriedades no nome do suspeito. Além do imóvel em Angra, Lessa também é dono de uma propriedade em Mangaratiba, e de uma casa no condomínio de luxo Vivendas da Barra, mesmo lugar em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mora na capital fluminense.
Na ocasião, o juiz do IV Tribunal do Júri, Gustavo Kalil, disse que o sequestro dos imóveis dá-se "a fim de assegurar o potencial direito à indenização [dos familiares da vítima] a ser exercido em caso de condenação [do acusado], determino o arresto até o limite dos valores requeridos a título de indenização de todos os bens e imóveis."
Acusados de matar Marielle e Anderson
Ronnie Lessa foi preso em 2019 acusado de matar a vereadora e o motorista, em março de 2018. Na ocasião, também foi detido Élcio de Queiroz por envolvimento no crime.
Em delação premiada à Polícia Federal, Élcio admitiu que dirigiu o veículo usado para matar as vítimas, e apontou Lessa como autor dos disparos. Queiroz também apontou ter visto um "acréscimo grande de patrimônio" por parte de Lessa após os assassinatos.
Avanço no caso Marielle
A Polícia Federal avançou na prisão e investigação dos assassinatos da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, após delação de Élcio de Queiroz.
Na última segunda-feira (24), a PF deteve o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel — ele foi transferido para custódia federal, em Brasília.
Além de Suel, a polícia também cumpriu sete mandados de busca e apreensão na cidade do Rio de Janeiro e região metropolitana..
Os investigadores também descobriram provas mostrando o envolvimento de mais pessoas no planejamento do crime. A colunista do UOL Juliana Dal Piva apurou que os investigadores descobriram que Maxwell participou de campanas para o planejamento do assassinato da vereadora.