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CPI do 8/1: GDias diz que deveria ter sido mais duro e joga culpa na PM-DF

Do UOL, em Brasília

31/08/2023 11h22Atualizada em 31/08/2023 14h24

Responsável pela segurança do Palácio do Planalto em 8 de janeiro, o então chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) general Gonçalves Dias falou, à CPI que investiga as invasões, que agiria diferente se pudesse voltar no tempo e jogou a culpa na Polícia Militar do Distrito Federal.

Seria mais duro do que fui na repressão. Faria diferente, embora tenha plena certeza de que empenhei todos os esforços e ações que estavam ao meu alcance.
General Gonçalves Dias, ex-chefe do GSI, durante depoimento na CPI

O que aconteceu

Conhecido como GDias, o general é um militar próximo a Lula e foi escolhido para cuidar da guarda presidencial no começo do governo. Ele é suspeito de omissão no dia 8 de janeiro, quando as sedes dos Poderes foram vandalizadas.

Ele teve autorização do ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal), para ficar em silêncio, mas ele respondeu a diversas perguntas.

O ex-chefe do GSI refutou que não tenha agido para conter as invasões, que atribuiu a falhas da Polícia Militar do Distrito Federal.

Só aconteceram porque os bloqueios da Polícia Militar foram extremamente permeáveis.
General GDias

De acordo com o general, o PAI (Protocolo de Ações Integradas) previa bloquear o acesso de pessoas e veículos à praça dos Três Poderes, algo que não ocorreu. O ex-chefe do GSI afirmou que não fez a leitura correta do cenário.

Ele justificou que a avaliação errada ocorreu porque recebeu informações divergentes de órgãos de segurança, como Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e Polícia Militar do Distrito Federal.

GDias declarou ainda que, três dias antes das invasões, houve uma reunião para tratar do acampamento e não houve convite para o GSI enviar um representante.

A relatora perguntou se o general acredita em sabotagem. Ele respondeu: "Eu quero acreditar que isso não seja verdade". Na sequência, afirmou que o Exército é uma instituição de Estado e não de governo.

O general disse que talvez devesse ter mudado a equipe do GSI e retirado militares ligados ao bolsonarismo. Mas ele acrescentou que desde a transição ocorrida com Dilma Rousseff (PT) os nomes são mantidos.

Denúncia de alteração de documento

O general é acusado de mentir ao dizer que só teve conhecimento dos alertas enviados pela Abin quando os relatórios foram encaminhados ao Senado. De acordo com mensagens obtidas pela comissão, ele pediu à Abin que seu nome fosse excluído da lista de autoridades avisadas.

GDias confirmou que pediu para retirar do nome dele. Ele justificou que se tratava de um órgão não pessoal.

O ex-chefe do GSI foi decisivo para existência da CPI. Não havia assinatura suficientes até que a CNN mostrou imagens das câmeras de segurança em que GDias aparecia conversando com invasores e não tomando medidas para prisão ou fim do vandalismo.

De acordo com o general, as gravações foram tiradas de contexto e não foram fiéis à ordem de acontecimento dos fatos. Ele contou também que o diálogo com os invasores foi uma indicação para se dirigir ao segundo andar, onde as prisões estavam sendo realizadas.

Ele disse que sua atitude, considerada complacente com os vândalos, foi para conter a crise. "Você não gerencia uma crise para apagar o fogo tacando gasolina. Você tem de retirar as pessoas."

As prisões de invasores só começaram a ser realizadas uma hora depois da conversa de GDias com os invasores.

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