CPI do 8/1: GDias se nega a responder à oposição e manda Nikolas ler plano
O general Gonçalves Dias, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) durante o 8 de janeiro, se recusou a responder às perguntas da oposição na CPI que investiga as invasões às sedes dos três Poderes, chegando a ser ríspido. Antes, aos governistas, ele havia negado omissão e jogado a culpa na Polícia Militar do Distrito Federal.
As duas faces de GDias
Conhecido como GDias, o general teve boa vontade com a relatora da CPI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), mesmo quando questionado se havia fraudado mensagens de WhatsApp. Mesmo em perguntas constrangedoras, ele disse que a pergunta "era boa" antes de responder, agradecendo a oportunidade.
O temperamento do general mudou quando foi a vez de opositores. Ele fingiu que não ouviu uma pergunta, se negou a dar explicações ao bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) e mandou o deputado ler o plano de segurança do Planalto.
O parlamentar perguntou sobre o "papel do GSI no Plano Escudo por gentileza". "O senhor tem que ler o Plano Escudo, deputado", respondeu o general.
"Eu estou perguntando para o senhor. O senhor era o responsável, não era eu", rebateu Nikolas.
Em resposta, o ex-chefe do GSI disse: "Ele é muito bem escrito, se o senhor ler".
Nikolas insistiu: "Eu quero que senhor responda. O senhor está aqui para responder. Não me perguntar. O senhor não vai responder?". A resposta foi lacônica: "Não".
Na sequência, o deputado perguntou por que o GSI havia convocado somente 38 militares para o 8 de janeiro. GDias se recusou a responder e terminou a fala com uma risada.
O senhor pode se escusar das perguntas, não tem problema. Isso diz muito mais sobre você do que de mim, protestou Nikolas.
Ele teve autorização do ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal), para ficar em silêncio.
Atrito com Moro
Antes, o general já havia sido ríspido com o senador Sergio Moro (União-PR). Foi preciso que o presidente da CPI interviesse, porque GDias impedia o fim da pergunta e interrompia o parlamentar.
Em vários momentos, ele levantou o tom de voz e questionou o senador. A atitude gerou protestos da oposição. Moro afirmou que o comportamento do depoente não era adequado.
O senhor sabe [a resposta] porque o senhor foi ministro.
General GDias ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro
O tratamento com os parlamentares da oposição também foi diferente. Com opositores, o general não usava pronome de tratamento e chamava o congressista de você. Quando falou com governistas, ele dizia "senhor" ou "excelência".
Na hora em que o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) se pronunciava, o militar fingia distração. O presidente da comissão, Arthur Maia (União-BA), precisou cutucar seu braço para que prestasse atenção na fala.
Dois advogados de GDias riram de declarações feitas pelo pastor e foram criticados.