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Deputado falta ao enterro do pai para presidir votação contra casamento gay

Do UOL, em São Paulo

20/09/2023 10h49Atualizada em 21/09/2023 18h40

Um deputado federal faltou ao enterro do próprio pai para estar na sessão da Câmara dos Deputados que discute o fim do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

O que aconteceu:

O deputado federal Fernando Rodolfo (PL) não foi ao enterro do pai em Pernambuco para presidir a Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família na terça-feira (19).

Ele compareceu ao velório na segunda (18), mas voltou para Brasília. Carlos Fernando dos Santos morreu aos 66 anos. O sepultamento aconteceu em Garanhuns, interior de Pernambuco.

Ao UOL, o deputado Fernando Rodolfo disse que "de consciência tranquila, e tendo prestado as devidas homenagens, segui para Brasília para conduzir os trabalhos da comissão".

De forma desrespeitosa, e sobretudo desonesta, tenho sido atacado por pessoas e grupos que não têm conhecimento de minha vida e das humilhações que já passei. O que está em questão não é o falecimento do meu pai, e sim a minha postura como presidente da comissão.
Deputado federal Fernando Rodolfo

Em nota, o parlamentar afirmou que tem sido "perseguido por setores da sociedade e da imprensa" por ter pautado um projeto de lei que trata sobre o casamento homoafetivo na Comissão da Família, presidida por ele.

"Quem me conhece sabe os meus valores e a responsabilidade que tenho em tudo o que assumo, tanto é que tive a confiança do meu partido para exercer tal função. Aceito as críticas e estou pronto para o debate. No entanto, tudo tem um limite", destacou.

A bem da verdade, conheci o meu pai quando tinha 13 anos de idade e nunca compartilhamos de qualquer proximidade familiar. Porém, quando soube do seu estado de saúde, o procurei e levei minha solidariedade. Nesta última semana, ao tomar conhecimento da sua internação, cancelei minhas atividades em Brasília e me ausentei das votações no plenário para acompanhar de perto seu estado de saúde ficando ao seu lado até o último dia de vida e no dia do falecimento, estive presente em seu velório até a madrugada.
Deputado federal Fernando Rodolfo

"Só quem teve a experiência da ausência paterna sabe o que significa a falta de um pai para uma criança ou um adolescente. Mas não quero expor aqui um problema de caráter estritamente pessoal. Essa ferida é minha e não acho correto compartilhar essa dor com mais ninguém. Devo dizer que não é justo, não é correto tentar associar uma relação difícil entre pai e filho com minha atuação parlamentar", afirmou.

Sessão foi adiada

Os deputados discutem um PL que proíbe o casamento homoafetivo, mas a sessão foi marcada por troca de ofensas entre parlamentares e não foi votada. A análise foi adiada para a próxima semana.

A proposta estabelece que nenhuma relação entre casais homossexuais pode equiparar-se ao casamento ou à entidade familiar. Caso venha a ser transformada em lei, ela não teria o poder de anular casamentos anteriores.

Os conservadores, que são a maioria no colegiado, aceitaram fazer uma audiência pública na próxima terça-feira (26). Já a base se comprometeu a votar a proposta na quarta-feira (27) sem novas obstruções.

Em 2011, o STF reconheceu, por unanimidade, a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Por mais que o casamento entre pessoas LGBTQIA+ não seja assegurado por lei, a decisão da Corte garante que esses casais tenham os mesmos direitos assegurados para heterossexuais.

Em 2013, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) obrigou que todos os cartórios do Brasil habilitassem e celebrassem o casamento civil entre pessoas do mesmo gênero.

*Com Estadão Conteúdo

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