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'Estão me executando', diz Cristófaro, ex-vereador cassado por fala racista

O ex-vereador Camilo Cristófaro (Avante-SP), cassado hoje em razão de falas racistas proferidas em maio do ano passado, disse que estava sendo "executado". A declaração ocorreu enquanto o político fazia a sua defesa na Câmara Municipal de São Paulo.

O que aconteceu:

Na alegação, o político afirmou que nunca foi chamado de racista nos locais em que frequenta na cidade de São Paulo. Apesar das alegações, ele teve o mandato cassado por 47 votos a favor, 5 abstenções e nenhum contra. Quem assumirá a vaga é o Dr. Adriano Santos (PSB).

Durante a declaração houve gritos de outras pessoas que acompanharam a sessão. Em sua fala, Cristófaro afirmou que conhece Milton Leite, atual presidente da Casa, há 20 anos e que todos os "vereadores antigos" chamavam Leite de "negão" enquanto ele se recusava a chamá-lo deste modo.

O político ainda afirmou que não tem medo de ninguém, apenas de Deus, e não irá se calar.

A defesa de Cristófaro afirmou que a fala dele não foi racista por não ter objetivo de ofender. O advogado Ronaldo Andrade afirmou que a declaração do vereador se deu durante uma conversa com um amigo de mais de 40 anos quando os dois estavam dentro de um carro e Cristófaro participava de forma remota de uma sessão da Câmara.

O advogado classificou a fala do vereador como "infeliz" e argumentou que a situação não justificaria cassação.

Eu nunca fui chamado de racista por qualquer canto que eu ando nessa cidade. O negro não é bobo, não. Ele sabe quem trabalha. Aqui ninguém está me julgando. Aqui estão me executando.
Camilo Cristófaro, vereador pelo Avante, durante sua defesa hoje

Quanto a racismo, eu estou com Djonga: é fogo nos racistas. Mas racismo, não linchamento, não tirar uma frase de contexto e classificar como racismo. Quando muito, seria preconceito racial. Racismo requer dolo, vontade deliberada de cometer o ato.
Ronaldo Alves de Andrade, advogado do vereador Camilo Cristófaro e ex-desembargador em SP

Cassação

A perda do mandato dependia de 37 votos a favor para acontecer. A Câmara Municipal tem 55 vereadores — do total, apenas Camilo Cristófaro (do Avante, alvo do pedido), Ely Teruel (Podemos) e Luana Alves (do PSOL, autora da denúncia) não votaram.

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Os cinco vereadores que optaram pela abstenção foram: Abílio Francisco (Republicanos), Coronel Salles (PSD), Paulo Frange (PTB), Rute Costa (PSDB) e Sansão Pereira (Republicanos)

"Eles arrumaram e não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?", disse Camilo Cristófaro, em áudio vazado durante a CPI dos Aplicativos em 3 de maio de 2022.

Cristófaro é o primeiro vereador cassado em São Paulo por racismo e o terceiro caso de cassação na Câmara — os outros dois foram Vicente Viscome e Maeli Vergniano, em 1999, no escândalo que ficou conhecido como Máfia dos Fiscais (esquema de corrupção que envolvia extorsão de camelôs e pedidos de pagamentos para a liberação de alvarás), durante a gestão do prefeito Celso Pitta (1997-2000). Por envolvimento no mesmo esquema quando era vereador, o então deputado estadual Hanna Garib (PPB) também teve seu mandato na Alesp cassado no mesmo ano.

Além dos três acusados de corrupção, a Câmara teve dois vereadores afastados pela Justiça Eleitoral por infidelidade partidária. Foram eles Netinho de Paula (eleito pelo PCdoB e então no PDT), em 2015, e Daniel Annenberg (eleito pelo PSDB e então no PSB), em março deste ano.

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