Análise: Relatório da CPI é raio-X da degradação democrática sob Bolsonaro
Colaboração para o UOL, em São Paulo
17/10/2023 11h22
O relatório final da CPI do 8/1 disseca e contextualiza os atos golpistas como um parte de um projeto de degradação da democracia desde o primeiro dia do governo de Jair Bolsonaro. A avaliação é da professora da FGV Direito Eloísa Machado.
Este relatório tem o grande mérito de ser o primeiro documento oficial após os quatro anos de governo Bolsonaro onde é feito um raio-X da degradação democrática promovida pelo governo. Também contextualiza os atos do 8/1 enquanto projeto de degradação implementado desde o primeiro dia de governo de Bolsonaro. Isso não é pouca coisa. Eloísa Machado, professora da FGV Direito
Em participação no UOL News, Eloísa destacou a importância do relatório final da CPI do 8/1 para o andamento das demais investigações em curso sobre o tema ao detalhar o envolvimento da alta cúpula do governo Bolsonaro nos atos golpistas. A professora também chamou a atenção sobre como o resultado da CPI se virou contra os aliados do ex-presidente, que insistiram pela criação desta comissão
Essa CPI tramita paralelamente a inquéritos no STF. Portanto, ela se aproveitou das investigações e também alimenta o curso delas. É possível que as provas sejam duplicadas e não haja nenhuma grande descoberta pela CPI. Porém, desses inquéritos em andamento sob supervisão da PF, da PGR e do STF, ainda não tivemos uma concatenação de fatos e autoridades responsáveis pelo 8/1. O relatório da CPI descreve uma participação pormenorizada dessas autoridades. Eloísa Machado, professora da FGV Direito
Josias: Acordo nos subterrâneos compromete resultado da CPI do 8/1
Também no programa, o colunista do UOL Josias de Souza avaliou que o resultado da CPI do 8/1, cujo relatório final pede o indiciamento de Jair Bolsonaro e de oito generais, ficou aquém do esperado e deveria ter ido mais a fundo na responsabilização de militares e da cúpula do governo. O colunista lamentou os rumos tomados pela comissão e espera que a Polícia Federal alcance a profundidade que faltou à CPI.
Não há dúvida de que o documento tem relevância, mas ela poderia ser muito maior. Há um quê de acordão que tisna esse documento. O que houve na CPI foi um acordo tácito, firmado nos subterrâneos de Brasília, bem longe dos refletores, e que compromete o resultado da comissão. A maioria governista se absteve de convocar os principais oficiais que se acumpliciaram com Bolsonaro. Josias de Souza, colunista do UOL
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