Relatório da CPI de 8/1 deve ser aprovado; entenda o que acontece depois

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) lê na manhã de hoje o relatório da CPI do 8 de Janeiro, pedindo o indiciamento de mais de 60 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e oito generais, como responsáveis pelas invasões às sedes dos três Poderes. A sessão de hoje não significa o fim dos trabalhos.

O que acontece agora

A relatora indicou os responsáveis em cada frente da investigação: autores, financiadores e mentores das invasões. Ela usou quebras de sigilo financeiro, de celulares, emails, depoimentos e outras evidências para embasar suas conclusões. Veja a íntegra do relatório.

Terminada a leitura do documento, será pedido vista, um dispositivo que permite aos parlamentares analisar as conclusões da senadora. A previsão é de que eles tenham 24 horas para esta tarefa e, geralmente, não há mudanças significativas neste intervalo.

Na manhã de quarta-feira deve ocorrer a votação do relatório de Eliziane. Os 16 deputados e 16 senadores que integram a comissão vão dizer se concordam ou não com o documento elaborado pela senadora.

Como os governistas têm maioria na CPI, a tendência é pela aprovação do relatório final. Uma prova desta força é que a maioria dos pedidos de depoimentos e quebras de sigilo durante a investigação teve como alvo pessoas ligadas ao bolsonarismo.

Cabe ressaltar que a comissão pode pedir indiciamentos de pessoas, mas a palavra final é da Procuradoria-Geral da República. O relatório chega até a instituição, que analisa as conclusões e define as providências a serem tomadas. A PGR está sem um procurador-geral definitivo desde o fim do mandato de Augusto Aras. Lula ainda precisa indicar um nome. Elizeta Ramos comanda interinamente o órgão.

Mulher picha 'Perdeu, mané', na estátua 'A Justiça', durante invasão às sedes dos Três Poderes
Mulher picha 'Perdeu, mané', na estátua 'A Justiça', durante invasão às sedes dos Três Poderes Imagem: Gabriela Biló-8.jan.23/Folhapress

Exposição dos bolsonaristas

Para aumentar o desgaste dos alvos de pedidos de indiciamento e de bolsonaristas, parlamentares governistas da CPI querem fazer cerimônias de entrega do relatório. Eles pretendem se reunir com os presidentes do Senado e da Câmara e com os chefes do Executivo e do Judiciário.

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Ainda está no radar entregar o texto a organismo multilaterais e observadores internacionais. A avaliação é que a comissão serviu também para respaldar politicamente a ação dos demais agentes públicos sobre os ataques.

A expectativa dos governistas é que a PGR, a PF e o STF terão a força política necessária para aprofundar investigações e aplicar eventuais punições aos responsáveis e aos mentores das invasões.

O deputado Alexandre Ramagem trabalhou meses na confecção do relatório da oposição
O deputado Alexandre Ramagem trabalhou meses na confecção do relatório da oposição Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado

Relatórios paralelos

Mas o relatório da senadora Eliziane não será o único. Existem outros dois documentos que apontam resultados diferentes para explicar como ocorreram as invasões ao Congresso, Planalto e STF.

A oposição prepara seu relatório e o documento deve apontar omissão do governo federal e indicar que o ministro da Justiça, Flávio Dino, é responsável pelo 8 de Janeiro. O trabalho está em confecção há meses e a leitura deve ficar a cargo do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).

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O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) já protocolou seu relatório que traz conteúdo parecido e responsabiliza o governo federal. Ele se declara independente, mas durante a comissão defendeu pessoas ligadas ao bolsonarismo e suspeitas de envolvimento com o 8 de Janeiro.

Estes dois relatórios não devem ser votados. Ambos serão lidos nesta terça-feira, mas serão votados somente se o relatório oficial de Eliziane for rejeitado, o que não deve acontecer.

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