Nunes sobre Enel: 'Não adianta trocar presidente e seguir com serviço ruim'
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse que não adianta a Enel Brasil trocar de presidente se o serviço continuar ruim. A companhia de energia anunciou hoje que o presidente da empresa, Nicola Cotugno, deixou o cargo.
O que aconteceu
Cobrança por melhora no serviço. "Não adianta trocar o presidente e continuar prestando um serviço ruim, só quero que o povo de São Paulo não pague pela inoperância da empresa. Agora que temos uma ordem judicial que permite nossa fiscalização, essa empresa vai ter que fazer o que cobra pra fazer", declarou Nunes em mensagem enviada ao UOL.
Prefeito criticou relacionar a falta de energia com existência de árvores na cidade. "É uma decisão da cidade de São Paulo ter árvore. A empresa que quiser vir trabalhar na cidade, tem que se adaptar ao que a cidade quer. A incompetência da ENEL para reestabelecer a fiação não tem nada a ver com as árvores".
A Enel esclareceu que a saída de Cotugno foi definida em reuniões de Conselho das distribuidoras e da Enel Brasil em outubro. A empresa é alvo de críticas por apagões que deixaram milhões de clientes sem luz.
Nicola Cotugno esteve à frente da companhia nos últimos cinco anos e agora deixa o grupo para se aposentar, informou a empresa. "A Enel Brasil agradece a Nicola Cotugno por toda dedicação ao grupo e seus colaboradores, além do destacado foco nos clientes e contribuição à sociedade", disse a companhia em nota enviada à imprensa.
Antonio Scala, executivo com 18 anos de trajetória à frente de diversas áreas na Enel, foi indicado como novo Country Manager da Enel Brasil.
O presidente do Conselho de Administração, Guilherme Gomes Lencastre, assumirá a posição de forma interina. Ele ficará no comando da companhia até que sejam concluídos os trâmites administrativos necessários para nomeação de Antonio Scala.
A presidente da CPI da Enel na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), deputada Carla Morando (PSDB), disse que vai pedir à Justiça o bloqueio do passaporte de Cotugno. "A fim de que não saia do país, e bloqueio de bens também! Lutamos pelos direitos da população que sofre diante do descaso da Enel!".
Apagões e críticas
Milhões de domicílios paulistas esperaram por dias para ter a luz reestabelecida. A crise teve início no dia 3 de novembro e levou à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Municipal de São Paulo. Mais de 2 milhões de pessoas ficaram sem energia após a forte chuva com rajadas de ventos que atingiu São Paulo.
No dia 16 de novembro, o prefeito de São Paulo afirmou que pediu à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que cancele o contrato de concessão com a Enel.
Ricardo Nunes elencou problemas que a prefeitura tem enfrentado com a Enel, e não apenas os recentes apagões na cidade. A multinacional assumiu o fornecimento de energia na capital e em 23 municípios da Grande São Paulo em 2018.
"Não é só por conta dessas chuvas que aconteceram no dia 3 de novembro", afirmou Nunes. "A gente já vinha há muito tempo discutindo com a Enel uma série de questões."
Em depoimento à CPI da Enel na Alesp, Nicola Cotugno foi questionado sobre a declaração do prefeito e preferiu não comentar. "Eu não quero comentar essa declaração que não escutei", disse. "Acho que é correto por minha parte deixar para momento futuro [comentar] porque não tenho como examinar as palavras e o contexto. Vamos analisar e abrir as discussões que pertencem a esse caso."
O governo de São Paulo, comandado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), aplicou por meio do Procon uma multa de R$ 12,7 milhões à Enel pela interrupção prolongada do serviço. Alguns imóveis chegaram a ficar quatro dias sem luz
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