Múcio diz que desejos de golpe em 8/1 eram de militares isolados
O ministro da Defesa, José Múcio, disse ao jornal O Globo que as Forças Armadas não queriam um golpe em 8/1.
O que foi dito
Múcio descreveu que o presidente Lula (PT) estava "zangadíssimo" com os atos golpistas. "O presidente estava querendo saber o que houve. Ninguém sabia de onde estava vindo, quem estava por trás. Todo mundo estava surpreso. O presidente estava zangadíssimo".
Ele nega que tenha sugerido uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) no dia. "Alguém disse: 'Olha, só com GLO para os soldados irem'. Eu não sugeri ao presidente, mas poderia ter sugerido. Era uma forma de o Exército ir para a rua e conter. Tínhamos 1.500 homens à disposição. Mas o presidente disse: 'GLO não'. Havia um grupo que achava que, se houvesse GLO, os militares aproveitariam para materializar o golpe".
O ministro também diz que as Forças Armadas não queriam um golpe. "Podia ser até que algumas pessoas da instituição quisessem, mas as Forças Armadas não queriam um golpe. É a história de um jogador indisciplinado em uma equipe de futebol: ele sai, a equipe continua [...] No final, me parecia que havia vontades, mas ninguém materializava porque não havia uma liderança".
Quase um ano após a invasão, Múcio considera "fundamental" a punição dos culpados. "Torço muito para que as investigações encontrem os culpados. Para as Forças Armadas, é fundamental, para que essa névoa de suspeição que paira sobre os militares se dissipe. Precisamos dos nomes, para puni-los. Isso é de interesse das Forças Armadas: dentro dos seus princípios e suas regras, punir os culpados".
A retirada dos manifestantes da porta do Quartel-General do Exército foi feita "dentro do que a lei mandava", segundo o ministro. "Será que se nós tivéssemos tomado uma providência mais dura, não teríamos promovido uma cizânia dentro das Forças Armadas? Fomos dentro do que a lei mandava. Por que a Justiça não determinou que se tirasse? Por que tinha que ser um ato imposto pela Defesa? A Justiça não tirou, só depois do dia 8. O ministro Alexandre de Moraes mandou tirar, poderia ter mandado dias 7, 6, 5... Não poderia partir de nós. Poderíamos ter precipitado uma cizânia. Faria tudo de novo do jeito que eu fiz".
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