Patrícia Lélis tornou-se ré nos EUA sob acusação de fraude de US$ 700 mil

Um tribunal do estado americano da Virgínia decidiu que a jornalista Patrícia Lélis vai ter de responder a processo por acusações de fraudes no país. Ela é acusada de ter recebido cerca de US$ 700 mil (R$ 3,4 milhões, pelo câmbio desta segunda) em um esquema para enganar pessoas que tentavam conseguir visto de residência nos EUA.

A decisão, que equivale ao que seria no ordenamento jurídico brasileiro à aceitação da denúncia (acusação formal) que a torna ré, é do dia 4 de janeiro e foi divulgada na sexta-feira (12).

A jornalista ganhou notoriedade quando acusou o deputado Marcos Feliciano (PL-SP) de ter cometido abusou sexual, em 2016. A Polícia Civil de SP instaurou inquérito, mas concluiu que as acusações eram falsas. Ela também manteve brigas públicas com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), com quem teve um relacionamento.

O que aconteceu

De acordo com a aceitação da denúncia nos Estados Unidos, Patrícia Lélis fingia ser advogada especialista em imigração e prometia que conseguiria vistos de permanência nos EUA para seus clientes.

A promessa era que ela conseguiria vistos do tipo E-2 e EB-5. São vistos que garantem residência e até cidadania para cidadãos de fora dos EUA que se comprometam a investir em imóveis ou negócios no país.

O visto EB-5 é voltado para pessoas que se comprometem a investir em negócios geradores de empregos. Para participar do programa, os candidatos devem se comprometer a investir "muitas centenas de milhares dólares", segundo os autos.

De acordo com a decisão, Lélis "mentiu sobre suas qualificações profissionais, sobre suas interações com o governo, com os tribunais e servidores públicos dos EUA, e deturpou transações financeiras supostamente feitas em nome de clientes. Tudo isso enquanto usava o dinheiro para fins pessoais".

O esquema, ainda conforme a decisão, durou de setembro de 2021 a julho de 2023.

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Em um dos casos, ainda conforme a acusação, ela conseguiu convencer uma vítima a fazer dois pagamentos de US$ 135 mil. O dinheiro, segundo Lélis, seria enviado a uma empresa de investimentos imobiliários no estado do Texas que estariam cadastradas no programa do visto EB-5.

Era falso. O dinheiro foi na verdade para a conta bancária pessoal de Lélis. E foi usado como entrada na compra de uma casa na cidade de Arlington, reforma de um banheiro e para pagamento de despesas pessoais, como dívidas de cartão de crédito.

Segundo os autos, Lélis pedia adiantamentos aos clientes para dar entrada no processo de obtenção de vistos, mas transferia o dinheiro para sua conta pessoal.

Ela conseguia isso convencendo amigos a usar nomes falsos e a fingir que seriam advogados de empresas de investimento imobiliário no Texas. Ela também fabricou documentos falsos para fingir serem petições judiciais, usando sem autorização o nome de um advogado e tabelião, ainda de acordo com os autos.

A acusação afirma que ela cometeu três crimes: fraude financeira, transferência financeira ilegítima e roubo de identidade. Ao todo, ela responderá pela prática desses crimes por 19 vezes. Se condenada às penas máximas, ela pode ficar até 32 anos presa, segundo a acusação.

Outro lado

Procurada pelo UOL, Patrícia Lélis não retornou os contatos até a publicação desta reportagem.

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No X (ex-Twitter), ela disse que está sofrendo "perseguições e falsas acusações" nos EUA.

Em outro post, disse: "Meu crime: Peguei documentos de uns norte-americanos safados que me pediram para ser bode expiatório contra os meus e meti o pé".

Ainda no X, ela disse que está sendo feita de "bode expiatório contra aqueles que considero meus irmãos ".

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