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Hasselmann diz que sabia que era monitorada desde 2019: 'Não levei a sério'

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/01/2024 19h06Atualizada em 18/03/2024 16h04

A Polícia Federal hoje encontrou durante busca e apreensão anotações manuscritas e documentos impressos que indicavam monitoramento e espionagem a ministros do STF e parlamentares. A ex-deputada federal Joice Hasselmann, uma das espionadas, afirmou em entrevista ao UOL News que sabia do monitoramento desde 2019, mas que "não levou a sério" à época.

Eu sabia desse monitoramento desde o final de 2019. O próprio [hoje falecido, Gustavo] Bebianno, enquanto era vivo, já tinha falado dessa 'Abin paralela' comandada pelo [Alexandre] Ramagem. Era uma das coisas que preocupava bastante. O Bebianno chegou a comentar comigo, mas não levei tão a sério. Entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Joice Hasselmann, ex-deputada federal

Mais ou menos ali na metade do ano, eu entrei na sala do Bolsonaro na Presidência da República. Muitas vezes eu não era anunciada, [porque] era integrante do governo e entrava e saia na hora que queria. Ele tava conversando com o general Heleno. Pararam de falar quando eu entrei, mas deu tempo de pescar um pedaço da conversa. A alma de jornalista entrou em cena, [fiz] três ligações e consegui confirmar que existia a 'Abin paralela'. Joice Hasselmann, ex-deputada federal

Joice lembra quando houve disputa para ser líder do PSL na Câmara, e ela acabou tirando o posto almejado por Eduardo Bolsonaro, rompendo com o governo.

Era óbvio que eu seria monitorada pela Abin. Só que a coisa começou a ficar patética porque eles não só monitoravam onde eu estava, e escutem bem o que vou dizer: a Polícia Federal vai chegar na informação que além de monitorar os locais onde os desafetos estavam, vai chegar a informação de que grampos foram feitos também. Joice Hasselmann, ex-deputada federal

Mas eles começaram a me seguir. Teve um momento que passou a ser patético porque os meus seguranças — eu estava escoltada por conta de ameaças de morte à época — tiravam sarro: 'Olha o pessoal da Abin acompanhando a gente'. Joice Hasselmann, ex-deputada federal

Fui a primeira pessoa a falar da 'Abin paralela' na CPI das Fake News, enterrada por bilhões de emendas. Falei do Ramagem, falei como funcionava, só que a CPI foi enterrada, junto com ela essa informação, mas fiz essa informação chegar ao Supremo. Joice Hasselmann, ex-deputada federal

Joice Hasselmann: Ramagem é cachorro adestrado de Bolsonaro

Joice explica como a família Bolsonaro costuma se manter no poder com sucessivos mandatos, e também diz que Alexandre Ramagem é "cachorro adestrado do Bolsonaro". Ramagem terá campanha à prefeitura do Rio de Janeiro comandada por Carlos Bolsonaro.

A família Bolsonaro é uma família de políticos profissionais, eles não têm outra função. Perdeu a eleição, vai fazer o que? Não tem outra função. Eu sou empresária, tenho outra função e sou jornalista, agora eles não. O importante para eles é estar sempre agarrados ao poder e para isso eles fazem qualquer negócio. Joice Hasselmann, ex-deputada federal

Ramagem é cachorro adestrado do Bolsonaro. [...] Foi assim que ele chegou à Abin, levada pelo Carlos até o Bolsonaro e foi com esse acordo de nenhuma licitude, fazer a farra do crime nesse negócio e usar a Abin que tem uma reputação para perseguir adversários, que ele conseguiu ser chefe da Agência Brasileira de Inteligência, depois de ser vetado para ser como o comandante da Polícia Federal. Joice Hasselmann, ex-deputada federal

Isso vai chegar ao [Jair] Bolsonaro, não tem como. São pontos que automaticamente se ligam. É como se tivesse um ímã no Ramagem e no Bolsonaro com polos diferentes que se atraem. Esse ímã vai chegar, vai se atrair e a polícia vai chegar no Bolsonaro e dos filhos metidos nisso também. Joice Hasselmann, ex-deputada federal

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

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