Ramagem se nega a prestar depoimento sobre suspeita de espionar autoridades
Alvo de operação da PF por suspeita de espionar autoridades e usar a Abin para proteger filhos de Jair Bolsonaro (PL), o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) não prestará depoimento nesta quinta.
O que aconteceu
Ramagem avisou aos investigadores que só vai comparecer quando tiver acesso ao material obtido pela PF. Até que isto ocorra, ele não vai responder as perguntas dos agentes, informou sua assessoria de imprensa.
Seu depoimento estava marcado para as 11h na sede da PF em Brasília. A corporação não se manifestou sobre a ausência do deputado. Ele comandava a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo de Jair Bolsonaro.
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Segundo a investigação, ele teria montado uma espécia de "Abin paralela" e usado um programa espião para monitorar autoridades. O ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia disse que desconfiou que era vigiado. Outros alvos seriam os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Haveria uma tentativa de vincular a dupla de ministros ao PCC.
Também é apurado o uso desta Abin paralela para beneficiar filhos do ex-presidente. Jair Renan teria recebido orientações a respeito de uma investigação na qual era alvo por ter relações com empresas que buscavam contratos com o governo federal.
Já o senador Flávio Bolsonaro teria recebido informações sobre funcionários da Receita Federal. Na época, ele era investigado por suspeita de rachadinha quando era deputado estadual no Rio de Janeiro.
Flávio negou e chamou a ilação de absurda. "É mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida. Isso é um completo absurdo", declarou por meio de nota.
Operação contra Ramagem
O deputado foi alvo de mandados de busca e apreensão na manhã de hoje. Policiais federais estiveram em endereços ligados a Ramagem, incluindo seu gabinete na Câmara.
Outros sete agentes da PF também foram alvo. Eles integrariam a Abin paralela que seria capitaneada por Ramagem. Até o momento o deputado optou por não se manifestar a respeito da operação.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, classificou a operação como perseguição. Deputados de oposição adotaram a mesma linha e afirmaram que a Polícia Federal está a serviço do governo Lula (PT) e contra a direita.