Maia desconfiou que era vigiado após conversa com Gilmar e Ciro vazar
O ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (PSDB) diz que suspeitou que era vigiado após o vazamento de um jantar dele com o ministro do STF Gilmar Mendes e o senador Ciro Nogueira (PP).
O que aconteceu
Maia afirma que começou a desconfiar de monitoramento após os vazamentos não citarem Nogueira, aliado de Bolsonaro. Segundo o ex-presidente da Câmara, o senador também estava nesse encontro, mas a informação da presença dele não vazou. "Então sabiam que eu e o Gilmar estávamos lá. Certamente, nós dois estávamos sendo monitorados", diz o ex-deputado.
Ex-presidente da Câmara diz não se surpreender com operação da PF que mira ex-chefe da Abin. "Os indícios de monitoramento que eu tinha existiam com muita firmeza [...] O que me deixa impactado é a gente não tratar o assunto da utilização do aparelho do Estado, do desrespeito à Constituição como um crime gravíssimo", afirma Maia.
PF apura uso ilegal de programa espião
A PF cumpre hoje mandados de buscas e apreensão contra o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem. Hoje ele é deputado federal. Outros ex-integrantes da sua gestão no governo Bolsonaro também são alvos da corporação.
Buscas são realizadas no gabinete de Ramagem na Câmara. Endereços residenciais dele, assim como outros locais, também estão entre os alvos.
Ao todo, são cumpridos 21 mandados, além de medidas cautelares diversas de prisão. Sete agentes da PF também tiveram pedido de suspensão imediata de funções públicas. As buscas acontecem em Brasília, Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro.
Alvos são suspeitos de vigiar adversários
Programa consegue dar a localização aproximada de celular de um investigado. Esse software se chama FirstMile. Segundo as investigações da PF, ele teria sido usado, sem autorização judicial, nos três primeiros anos do governo Bolsonaro para monitorar jornalistas e adversários políticos.
Sistema também permite criar histórico de deslocamentos e criação de alertas em tempo real. O recurso pode ser utilizado para monitorar, ao mesmo tempo, alvos que estão em diferentes endereços. Em um ano, é possível rastrear até 10 mil pessoas.
O software foi comprado por R$ 5,7 milhões da israelense Cognyte. A compra foi feita com dispensa de licitação em 2018, no final do governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).
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