PF aponta que assessora de Carlos pedia dados sobre ações contra Bolsonaros
A Polícia Federal identificou uma conversa em que uma assessora do vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pediu "ajuda" da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) com informações sobre inquéritos em andamento. O diálogo foi mencionado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, ao autorizar a operação de hoje.
O que aconteceu
A Polícia Federal aponta um diálogo entre Luciana Almeida, assessora de Carlos, e uma assessora de Alexandre Ramagem, então diretor-geral da Abin. A conversa demonstraria que o vereador integraria o chamado "núcleo político" da "Abin paralela".
Na mensagem enviada por WhatsApp, Luciana Almeida pede uma "ajuda" e envia o nome da delegada Isabela Muniz Ferreira, do núcleo de inquéritos especiais. Este grupo da PF é o responsável por investigações consideradas sensíveis.
Luciana ainda cita dois inquéritos, afirmando que envolvem "PR e 3 filhos", em possível menção a Bolsonaro e seus filhos.
A avaliação da PF é que Luciana operava como uma "intermediadora" das demandas do interesse de Carlos Bolsonaro a Ramagem.
A solicitação de realização de 'ajuda' relacionada ao Inquérito Policial Federal em andamento em unidades sensíveis da Polícia Federal indica que o NÚCLEO POLÍTICO possivelmente se valia do Del. ALEXANDRE RAMAGEM para obtenção de informações sigilosas e/ou ações ainda não totalmente esclarecidas, razão pela qual se faz mister as diligências abaixo representadas.
Polícia Federal, em representação enviada a Moraes
No pedido a Moraes, a PF ressalta que a identificação de Carlos no núcleo político reforça a hipótese de que a Abin, sob gestão de Ramagem, monitorou inimigos políticos e buscou informações sobre inquéritos envolvendo Bolsonaro e filhos.
Como ressaltado pela autoridade policial, as 'demandas' eram tratadas por meio de assessoras, e não diretamente entre os investigados, 'corroborando ainda mais o zelo em relação aos vestígios das condutas delituosas'.
Alexandre de Moraes, ministro do STF
Além dos endereços ligados a Carlos, a PF pediu buscas na casa de Luciana Almeida, de Priscilla Ferreira e Silva, assessora de Ramagem, e Giancarlo Gomes Rodrigues, militar cedido para a Abin na gestão Ramagem.
Em entrevista à CNN Brasil, o advogado Antônio Carlos Fonseca, que defende Carlos Bolsonaro, negou envolvimento do vereador com a Abin. "Não tem ligação alguma. Criou-se essa narrativa em determinado momento, mas o vereador não tem nenhuma ligação, seja institucional, seja de acesso a informações. Nunca Teve. Isso é uma narrativa criada que não é a realidade", disse.
O UOL busca a defesa dos citados. O espaço segue aberto para manifestação.
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