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Análise: Tarcísio fica mais forte à reeleição em SP ao se aproximar de Lula

Essa aproximação civilizada com o presidente Lula deixa Tarcísio de Freitas (Republicanos) mais forte à reeleição ao governo de São Paulo em 2026, analisa o professor da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) João Cezar Castro Rocha, que se dedica ao estudo das estratégias da extrema direita no Brasil, durante entrevista ao UOL News nesta sexta (2). Tarcísio foi vaiado em evento com Lula, que defendeu e elogiou o governador.

Tarcísio me parece que está no caminho certo do ponto de vista mais amplo, filosófico. Porque política é isso mesmo: é o espaço onde os diversos se reúnem para encontrar pontos de mediação. Isso é política, sempre foi assim. João Cezar Castro Rocha, professor da Uerj e escritor

Independentemente de partido, [para a] vida brasileira, essa conversa civilizada entre o presidente Lula e o governador Tarcísio é a melhor notícia que nós temos. Isso certamente afastará Tarcísio da ala mais radicalizada do bolsonarismo, que tende a se radicalizar cada vez mais na medida que as investigações avançarem e demonstrarem a culpa do clã Bolsonaro. O caso da Abin agora é espantoso nesse sentido. João Cezar Castro Rocha, professor da Uerj e escritor

Paradoxalmente isso tornará o Tarcísio um candidato ainda mais forte eleitoralmente [em 2026], porque ele se afastará da ala mais radical do bolsonarismo, manterá o apoio dos bolsonaristas que não são radicais, mas que mais ou menos se mantêm nesse campo político. E ele agregará um campo moderado. João Cezar Castro Rocha, professor da Uerj e escritor

O professor lembra que foi a aproximação desse campo que levou Lula à vitória em 2022, quem considera ser a verdadeira terceira via daquele pleito.

O campo da direita moderada, o campo do centro, foi fundamental para a vitória do presidente Lula em outubro de 2022. Ele ganhou [a eleição], porque com essa extraordinária capacidade macunaímica do presidente Lula, eu diria que quem venceu as eleições de outubro de 2022 foi a terceira via. Com um adendo: o Lula transformou-se na terceira via. Ao trazer a Marina Silva, a Simone Tebet e essa direita moderada, o centro moderado. João Cezar Castro Rocha, professor da Uerj e escritor

Creio que a preocupação do Tarcísio é com a reeleição como governador de São Paulo em 2026. Creio que o Tarcísio tenha bom senso suficiente para compreender que em 2026 para ser candidato à Presidência, implicaria deixar prematuramente o governo de SP e as últimas experiências, por exemplo, do João Doria, foram desastrosas. João Cezar Castro Rocha, professor da Uerj e escritor

Historiador, João Cezar aproveitou para falar a dinâmica da extrema direita que, segundo ele, tem como única forma de se manter ativa a invenção de "inimigos imaginários", não havendo espaço para adversários.

O problema da extrema direita, não apenas bolsonarista, [mas] mundial, é que a extrema direita mundial é um fenômeno de construção constante de narrativas que desrespeitam completamente [qualquer] sentido de realidade. E as narrativas de extrema direita sempre se baseiam no acúmulo de tensão, leva a uma sucessão de frustrações. São as místicas 72 horas que nunca se cumprem. João Cezar Castro Rocha, professor da Uerj e escritor

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A única forma da extrema direita se manter ativa é se ela inventar inimigos imaginários. No campo mental da extrema direita, portanto, do bolsonarismo, não pode haver espaço para adversários. Porque quando eu tenho um adversário, eu reconheço implicitamente a legitimidade do outro, já que com ele eu disputo algo [numa democracia]. João Cezar Castro Rocha, professor da Uerj e escritor

A extrema direita apenas sobrevive se ela tornar o outro literalmente um nada. Porque o outro se tornando um nada, tudo que se força contra ele, da agressão simbólica à violência física, nada será. Nós temos visto isso acontecer no mundo inteiro e é muito preocupante. João Cezar Castro Rocha, professor da Uerj e escritor

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