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Eduardo Bolsonaro cita 'conjecturas' de Moraes: 'Golpe não se dá no papel'

Do UOL, em São Paulo

08/02/2024 21h50

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou hoje que decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes é baseada em "conjecturas" e classificou operação da Polícia Federal como uma "perseguição notória" contra Jair Bolsonaro (PL).

O que aconteceu

O parlamentar ressaltou que "golpe não se dá no papel", mas sim "na ponta do fuzil". "Golpe acontece com arma, com tiro, com morte. Qualquer lugar do mundo que vocês forem ver onde teve golpe se passou isso. Golpe não vai acontecer com minuta, com bilhetinho, como tentaram acusar o Anderson Torres. Isso aí não é golpe, gente. A quantidade de papel, ainda mais nós, que somos pessoas públicas, que a gente recebe. Você bota no bolso e etc. Sequer assinado estava. Não teve qualquer iniciativa, ato executório. Sequer o planejamento", comentou em live realizada em seu próprio canal no YouTube.

O filho do ex-presidente negou tentativa de golpe e disse que sequer houve crime. "Um crime começa com a cogitação, depois ele passa pelos atos preparatórios, pela execução, por fim, ele se consuma. Para você encarar que tenha tido uma tentativa, você tem que, pelo menos, ter iniciado a execução. Qualquer pessoa que tenha visto a peça do Alexandre de Moraes vai ver que é uma barata voa, são várias cogitações (...) São várias conjecturas, eu pergunto, onde é que está o crime, onde é que está a execução?", questionou.

Eduardo Bolsonaro avaliou ainda que operações são realizadas após demonstrações de força de Jair Bolsonaro. "Toda demonstração de força que o Bolsonaro faz, no dia seguinte, Moraes tenta abafar esse mérito. Aconteceu na superlive no dia 28 de janeiro, que marcou o retorno de Bolsonaro as transmissões. Ele teve 80 vezes mais audiência do que o Lula. No dia seguinte, mandado de busca e apreensão contra o Carlos Bolsonaro cumprido na casa de Jair Bolsonaro. (...) Mal dá tempo de celebrar que já vem uma operação a mando de Alexandre de Moraes que está sujando todo o nome da Polícia Federal", criticou.

Para o deputado, há um desequilíbrio entre os poderes no Brasil. "A Constituição está sendo rasgada diariamente por quem deveria defendê-la. E o papel da população é ficar calada e pagar tributos até a morte".

PF encontra na sede do PL documento que anuncia estado de sítio

A Polícia Federal encontrou na tarde de hoje (8) um documento que anuncia a decretação de um estado de sítio no país.

O teor do documento se assemelha ao de um discurso. Ele diz que, para "assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito" e "jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas", seria decretado um estado de sítio. A expressão "dentro das quatro linhas da Constituição" era usada frequentemente por Bolsonaro em seus discursos, para atacar o STF.

A autoria do documento ainda é desconhecida. Ele foi encontrado durante buscas na sede do PL em meio à operação Tempus Veritatis, que mira suposta organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado para manter Bolsonaro na Presidência.

Procurado pelo UOL, o advogado Paulo Cunha Bueno, que defende Bolsonaro, afirmou que o presidente "desconhece" o documento.

"PR desconhece esse documento sobre estado de sítio, merecendo observar que o estado de sítio, para ser decretado, demanda a convocação e aprovação prévia do Conselho da República e do Conselho de Segurança. Depois disso, precisa ser aprovado no Congresso. Portanto, não existe estado de sítio como ato unilateral de um presidente, o que o torna incompatível com um golpe de Estado nos moldes como está sendo narrado hoje", disse.

Operação atinge aliados e ex-ministros de Bolsonaro

Jair Bolsonaro é um dos alvos da operação de hoje (8). Os agentes foram à casa do ex-presidente em Angra dos Reis (RJ) para recolher o passaporte. Como o documento não estava no local, foi dado o prazo de 24 horas para a entrega. Depois, o passaporte foi encontrado na sede do PL e apreendido.

O celular de Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro, também foi apreendido.

A Polícia Federal prendeu quatro ex-assessores do ex-presidente. A ordem partiu do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que embasou a decisão na investigação da PF e na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Quem foi preso

  • Coronel Bernardo Romão Correia Neto;
  • Major Rafael Martins de Oliveira;
  • Coronel Marcelo Costa Câmara;
  • Assessor Filipe Martins.

Ex-ministros de Bolsonaro são alvos de busca e apreensão. Entre os nomes estão Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres e Paulo Sérgio Nogueira.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também é alvo da PF. Ele foi preso por posse ilegal de arma de fogo. A defesa do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que a arma encontrada com o político seria de um "parente próximo".

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