Bolsonaro ironizou pesquisas em reunião com auxiliares: Acho que Lula ganha
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou, em uma reunião com auxiliares em 5 de julho de 2022, que as pesquisas eleitorais estavam certas e que achava que Lula (PT) ganharia a disputa. A declaração consta na investigação da PF (Polícia Federal).
O que aconteceu
A fala do ex-presidente consta em um vídeo. O registro foi achado em um computador apreendido na casa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
E a gente vê que o Datafolha continua ... é ... mantendo a posição de 45% e, por vezes, falando que o Lula ganha no primeiro turno. Eu acho que ele ganha, sim. As pesquisas estão exatamente certas. De acordo com os números que estão dentro dos computadores do TSE, né? Eu tenho que ter bastante calma, tranquilidade, e vou entrar em detalhes com vocês daqui a pouco ( ... )
Declaração de Bolsonaro, segundo a PF
O então presidente afirmava não acreditar nas pesquisas de intenção de voto. Ainda em outubro de 2022, Bolsonaro reforçou não acreditar nas pesquisas, mas, na mesma frase, comemorou o empate técnico entre ele e Lula (PT) em um dos levantamentos do instituto Paraná Pesquisas.
Além disso, sem provas, o ex-presidente costumava atacar as urnas eletrônicas e o TSE. Como o UOL já mostrou, nunca houve fraude comprovada nas eleições brasileiras desde a adoção das urnas eletrônicas, ao contrário do que Bolsonaro já insinuou. O histórico de votações desde a adoção da urna eletrônica — usada parcialmente em 1996 e 1998, e integralmente a partir de 2000 — mostra que o sistema é confiável.
Ministros estavam presentes na reunião convocada por Bolsonaro, diz PF. Eram eles: Anderson Torres (então ministro da Justiça), Augusto Heleno (então chefe do Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (então Ministro da Defesa), Mário Fernandes (então chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República) e Walter Braga Netto (ex-ministro chefe da Casa Civil e futuro candidato a vice-presidente da República).
PF cita objetivos da reunião. Para o órgão, o encontro entre a alta cúpula do governo federal visava, entre outros, "cobrar dos presentes conduta ativa na promoção da ilegal desinformação e ataques à Justiça Eleitoral". Em uma de suas declarações na reunião, o então presidente chegou a falar que eles teriam que "se expor". "Não podemos esperar que outro[s] façam por nós. Não podemos nos omitir. Nos calar. Nos esconder. Nos acomodar. Eu não posso fazer nada sem vocês."
PF mira Bolsonaro e ex-ministros em operação
A PF faz hoje uma operação que apura uma organização criminosa que tentou um golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. Os agentes cumprem 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva.
Foram presos os ex-assessores de Bolsonaro coronel Marcelo Costa Câmara e Filipe Martins, além do major Rafael Martins de Oliveira. O outro alvo, o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto, está foragido.
Ex-presidente e ex-ministros, como Augusto Heleno, Anderson Torres e Braga Netto, tiveram passaportes apreendidos e estão proibidos de manter contato uns com os outros. Bolsonaro também entregou o documento à PF.
A defesa de Jair Bolsonaro (PL) criticou a apreensão do passaporte do ex-presidente e argumentou que ele sempre esteve à disposição da Justiça. "A medida se mostra absolutamente desnecessária e afastada dos requisitos legais e fáticos que visam garantir a ordem pública e o regular andamento da investigação, os quais sempre foram respeitados", diz a nota.
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