Mudança de Tarcísio na PM dá poder a coronéis com histórico na Rota

A dança das cadeiras promovida pelo governador Tarcísio de Freitas de 34 coronéis na cúpula da PM de São Paulo dá poderes a oficiais com passagens pela Rota, a tropa de elite da PM e unidade com perfil "linha dura".

O que aconteceu

Coronéis mais próximos a Derrite. Segundo fontes ligadas ao governo e às forças de segurança, ganharam destaque os coronéis mais próximos a Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública, que integrou a Rota. A mudança ocorre em meio à ação da PM que matou 31 pessoas na Baixada Santista em 20 dias, média de 1 morte a cada 15 horas.

Novo subcomandante da PM de São Paulo veio da Rota. José Augusto Coutinho, ex-comandante da tropa de elite da PM, é apontado como um coronel com perfil mais combativo. Além dele, outros três oficiais da nova cúpula da PM passaram pela Rota: Valmor Saraiva Racorti (novo comandante do Choque), Gentil Epaminondas de Carvalho Júnior (Coordenadoria Operacional) e Fábio Sérgio do Amaral (Corregedoria da PM).

Homem de confiança de Derrite assume Comando de Inteligência da PM. Pedro Luis de Souza Lopes foi o porta-voz da Operação Escudo, que deixou 28 mortos em supostos confrontos após a morte de um soldado da Rota em 2023. Na ocasião, ele anunciou que 400 câmeras corporais seriam remanejadas para Batalhões de Trânsito da Capital, mesmo em meio aos apelos para que os equipamentos fossem adotados nas ocorrências. Ele disse na ocasião que a decisão era anterior à Operação Escudo.

Coronéis a favor das câmeras corporais deixaram a cúpula. Apuração do UOL com três fontes ligadas ao governo indicam que grande parte dos oficiais exonerados eram favoráveis ao uso das câmeras acopladas junto à farda dos agentes. Entre eles, José Alexander de Albuquerque Freixo, subcomandante da PM exonerado pelo governo Tarcísio — que foi substituído por Coutinho.

Coronel afastado por "convocar" seguidores para ato bolsonarista integra nova cúpula da PM. Afastado da corporação em 2021 no governo Doria por convite feito a seguidores em uma rede social para os atos de 7 de Setembro daquele ano, Aleksander Toaldo Lacerda assume o Centro de Altos Estudos em Segurança.

A SSP informou apenas que houve "uma série de promoções por mérito e movimentações de rotina" desde o inicio deste ano. A nota foi enviada ao UOL após as mudanças.

A atual gestão da Secretaria da Segurança Pública reconhece e valoriza o trabalho dos policiais paulistas e informa que, desde o início do ano, uma série de promoções por mérito e movimentações de rotina foi efetivada junto às polícias Civil, Militar e Técnico-Científica do Estado.
Nota divulgada pela Secretaria da Segurança Pública

Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo
Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL
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Bolsonarismo e poder de Derrite

Queda de braço de Derrite com coronéis. Fontes com atuação próxima das forças de segurança pública de São Paulo indicam que o secretário enfrentava resistência. Como era capitão quando esteve na PM, alguns oficiais estavam descontentes e não seguiam as suas ordens. Mas acabaram perdendo espaço.

Demonstração de força. Auxiliares do governador ouvidos afirmaram que, embora não esteja satisfeito com os resultados na segurança pública, Tarcísio confia no trabalho do secretário, um dos únicos representantes do bolsonarismo na gestão estadual. Derrite, então, "dobrou a aposta" na queda de braço com os coronéis.

Trocas pegaram coronéis de surpresa. Segundo apurou o UOL, não houve diálogo ou ao menos comunicação prévia de que as mudanças ocorreriam. Alguns ficaram sabendo das alterações na cúpula da PM pelo Diário Oficial.

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