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Inaugurações e TV: como Lula pretende ajudar Boulos e Marta em São Paulo

Lula não poupará esforços para ajudar Boulos e Marta em São Paulo, dizem aliados Imagem: Nelson ALMEIDA / AFP

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

09/03/2024 04h00

A campanha do pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e de sua vice Marta Suplicy (PT) será prioridade do presidente Lula (PT) nas eleições deste ano.

O que vai acontecer

Com chapa costurada pelo petista, Lula deve gravar participações no programa eleitoral e convidar Boulos para eventos federais na cidade. As idas à capital paulista deverão ser intensificadas.

Para a equipe do psolista, o ativo do presidente é importante para reforçar a polarização com Ricardo Nunes (MDB) — que, por enquanto, tem apoio de Jair Bolsonaro (PL). O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já anunciou apoio ao emedebista também.

Esses fatores e a avaliação do governo Lula (PT) contra a gestão Bolsonaro devem ser usados como vantagem pela campanha de Boulos. O psolista tenta colar em Nunes a pecha de extrema-direita e tem afirmado que a derrota do emedebista no pleito significaria "derrotar o bolsonarismo" na cidade.

Interlocutores de Boulos entendem que Lula também pode ajudar a atrair o voto do eleitorado das periferias da capital paulista. Esse foi um dos motivos usados para compor a chapa com Marta. No estado, o petista ficou atrás de Bolsonaro em 2022. Na capital paulista, entretanto, ele conseguiu 53,54% dos votos válidos — o ex-presidente ficou com 46,46%.

O PT já assume que sucesso na cidade é determinante para uma possível vitória no estado em 2026. Para o partido, que aceitou não lançar nome próprio também por falta de opções, ter uma boa gestão de esquerda seria determinante para uma virada na terra natal, que nunca governou.

Eventos, inaugurações e programa de TV

Lula já falou que a eleição de Boulos é uma das prioridades do ano. Segundo o entorno petista, São Paulo deverá ser a cidade mais visitada no período de eleição e pré-eleitoral, com eventos que possam ser aproveitados pelo deputado.

O movimento começou no fim do ano passado. O Planalto escolheu nada menos que um conjunto habitacional fruto de uma luta do MTST, movimento de moradia que alçou Boulos à política nacional, na zona leste da cidade, para fazer anúncios do Minha Casa, Minha Vida.

Atento à Justiça Eleitoral, Lula evitou falar ou promover Boulos, mas ficou claro o aceno de pré-campanha. Boulos foi o único parlamentar a discursar no ato, com o público gritando seu nome.

Lula fala evento do Minha Casa, Minha Vida em São Paulo: Boulos no centro do palco Imagem: Ricardo Stuckert/PR

Segundo petistas, isso irá se repetir. Lula deve fazer outros lançamentos na capital via PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento) e Boulos deverá estar presente. O único cuidado, durante a pré-campanha, será exatamente evitar "transformar evento do governo em ato eleitoral" — pelo menos explicitamente.

Entre as entregas previstas está a conclusão da obra do campus da Unifesp em Itaquera, na zona leste — Boulos já apareceu nas redes sociais falando da construção. Outros dois institutos federais e um hospital na zona sul também estão na lista, afirma o entorno do pré-candidato.

Projetos de lei propostos por Boulos também têm recebido maior atenção. Na retomada do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), por exemplo, Lula assinou o decreto das cozinhas solidárias — que teve o psolista como relator do projeto na Câmara. O entorno do pré-candidato enxerga o movimento como mais um gol para campanha e uma possibilidade de dar maior visibilidade de seu trabalho como deputado aos paulista.

Lula foi o protagonista no ato de refiliação de Marta ao PT em fevereiro. Fiador do nome da ex-senadora a vice na chapa, ele se disse confiante sobre a possibilidade de vitória.

Mesmo antes da campanha, quando Lula não está presente nas agendas, Boulos cita o presidente. Em evento de comemoração do Dia da Mulher, por exemplo, ele mencionou a lei sancionada pelo petista sobre a igualdade salarial de gênero.

Acordo PT e PSOL

O PT e o PSOL acertaram em 2022 um acordo de aliança para as eleições municipais. O combinado era Boulos desistir de sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes e apoiar Fernando Haddad (PT). Em troca, o partido do presidente não lançaria nenhum nome este ano.

As legendas também acordaram que o PT ficaria responsável pela indicação de vice. A escolha de quem dividiria a chapa foi feita diretamente pelo presidente com o aval do psolista.

É a primeira vez que o PT não terá um candidato a prefeito em São Paulo desde 1985. A cidade foi governada por representantes do partido em três mandatos diferentes — com Luiza Erundina, Marta e Fernando Haddad.

Não ter candidato na capital vai permitir ao PT campanha mais forte na região metropolitana. Nos bastidores, o partido planeja retomar o controle de Franco da Rocha e outras cidades que já comandou no passado. Lula deve ajudar nesse sentido e quer "participar muito, mas cargo o segura", segundo membros da legenda.

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