Boulos e Tabata prometem igualdade de gênero nas secretarias de São Paulo

Os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) prometeram que — caso ganhem as eleições neste ano — ao menos 50% das secretarias da administração municipal serão chefiadas por mulheres em 2025 em suas gestões.

O que aconteceu

Boulos e Tabata fizeram os anúncios durante eventos hoje em comemoração ao Dia da Mulher. O prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca à reeleição, também teve uma agenda voltada para o público feminino.

A prefeitura conta com 35 secretarias, sendo que nove têm mulheres à frente. A gestão Nunes afirmou que as mulheres ocupam 53% dos cargos de chefia — o número considera as pastas, subprefeituras, secretarias executivas, chefes de gabinete, entre outros.

Em seu discurso, Boulos também prometeu ações para incentivar a igualdade salarial e ampliar em cinco vezes o efetivo da patrulha Maria da Penha, que atua no combate à violência contra mulher. O psolista também citou o aumento dos registros de violência na cidade no último ano.

"Vai fazer uma diferença gritante nessa cidade", disse Marta Suplicy (PT), vice na chapa de Boulos. Ela defendeu a importância da política de cotas, mas afirmou que a gestão púbica precisa ir além.

Marta era uma das mulheres que comandava uma secretaria na Prefeitura de São Paulo, na gestão Nunes. Ela deixou a pasta das Relações Internacionais após receber o convite do presidente Lula (PT) para fazer parte da chapa de Boulos — depois disso, a ex-prefeita se filiou ao partido novamente.

O movimento da chapa é contrário ao do governo Lula, que incluiu mais mulheres nos ministérios, mas não alcançou a igualdade de gênero. Boulos disse que Lula não assumiu o compromisso pelo "grau de aliança política" e que o cenário das eleições municipais é diferente.

Tabata também prometeu reservar 30% de vagas para mulheres nos conselhos de administração das empresas municipais, como SPTuris, Cohab e SPTrans. Se eleita, a pré-candidata disse que irá retomar a secretaria da Mulher.

As condições para governabilidade numa cidade como São Paulo e o nível de concessão que você tem que fazer na montagem do secretariado é muito diferente do cenário nacional.
Guilherme Boulos, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo

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São Paulo tem dado um exemplo, com mulheres na alta gestão, presidentes de empresas, secretárias, secretárias-adjuntas. É motivo de bastante orgulho para todos nós.
Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo

Que a gente não aceite nada a não ser ter metade do secretariado de mulheres.
Tabata Amaral, pré-candidata à Prefeitura de São Paulo

Ausência de Erundina

A deputada federal Luiza Erundina (PSOL) não esteve no evento. Boulos afirmou que ela se recupera de um problema de saúde e que eles têm uma agenda marcada na próxima semana. "Não existe nenhum problema", afirmou o pré-candidato. Ela foi candidata a vice de Boulos em 2020.

Erundina fez duras críticas contra Marta e afirmou que era contra a chegada da petista na chapa. No seu discurso hoje, Marta citou a deputada como a primeira prefeita de São Paulo.

Participaram do café da manhã empresárias, militantes e mulheres de diferentes partidos. As deputadas Ediane Maria (PSOL), Marina Helou (Rede) e Luciene Cavalcante (PSOL) marcaram presença, além de vereadoras da capital e de Ana Estela Haddad, secretária de Saúde Digital. Havia homens também como o marido de Marta, o empresário Márcio Toledo, e o deputado federal Rui Falcão (PT-SP).

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Essa foi a segunda agenda pública de Boulos e Marta. Assim como em Parelheiros, na zona sul, a petista não falou com a imprensa — ela tem sido blindada pela pré-campanha para evitar questionamentos sobre sua saída da prefeitura e relação com Nunes.

A nossa chapa assume o compromisso de, ganhando as eleições em São Paulo, a partir de 1º de janeiro do ano que vem haverá secretariado igualitário na cidade.
Guilherme Boulos, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo

Críticas a Nunes

Boulos voltou a criticar o atual prefeito e disse que Nunes "tenta se colocar como alguém de centro", mas não é. "Fico me perguntando se o Bruno Covas [morto em 2021 e antecessor de Nunes] tivesse se aliado com o Bolsonaro como teria sido a vacinação na cidade de São Paulo durante a pandemia", afirmou. "Quando você firma uma aliança, isso não é só uma declaração de intenções, tem efeitos práticos na maneira como você vai governar."

O pré-candidato também citou a participação do prefeito no ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista. Nunes tem tentado manter uma "distância segura" do ex-presidente — mantendo o apoio, mas sem ficar marcado como um candidato da extrema-direita.

Quando disse publicamente que provavelmente participaria do ato, Nunes afirmou que tem uma "gratidão muito grande" ao ex-presidente. Em todas as ocasiões, entretanto, ele evitou se posicionar sobre as investigações da Polícia Federal contra Bolsonaro. "Não sou advogado", respondeu o emedebista em uma das agendas públicas.

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