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Em evento com Macron, Lula fala em conhecimento nuclear para 'garantir paz'

Lucas Borges Teixeira e Gilvan Marques

Do UOL, em Brasília, e colaboração para o UOL, em São Paulo

27/03/2024 12h55Atualizada em 27/03/2024 15h28

O presidente Lula (PT) defendeu que ter "conhecimento nuclear" é necessário para "garantir a paz no mundo" durante lançamento de um submarino no Rio de Janeiro. Ele falou ao lado do líder francês, Emmanuel Macron.

O que aconteceu

Lula e Macron participaram do lançamento da submarino Tonelero (S42), fruto de uma parceria entre os dois países, na Base Naval de Itaguaí (RJ). A primeira-dama Janja da Silva foi convidada pela Marinha para ser madrinha da embarcação.

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Em sua fala, Lula voltou a pregar paz, mas defendeu os investimentos no setor de segurança nacional. O submarino é fruto do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, firmado entre Brasil e França em 2008, no segundo mandato de Lula. O programa tem um orçamento total de R$ 40 bilhões.

O Brasil está querendo os conhecimentos da tecnologia nuclear não para fazer guerra. Nós queremos o conhecimento para garantir a todos os países que querem paz - porque a guerra não constrói, a guerra destrói. O que constrói é o desenvolvimento, é o conhecimento científico, é o conhecimento tecnológico. Nós temos que nos preocupar com a nossa defesa. E não é porque nós queremos guerra. A defesa é de quem quer paz.
Lula, ao lançar submarino

O presidente ainda elogiou as Forças Armadas e disse que uma Defesa forte também é garantia contra as "animosidades contra o processo democrático". Lula deixou claro que estava falando da política interna, mas não citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nem os atos golpistas de 8 de janeiro.

Antes de Lula, Macron também fez um contundente discurso antiguerra, com indiretas à Rússia. Sem citar o país ou o presidente Vladimir Putin, ele disse que "defende o respeito ao direito internacional" e que "rejeita a partilha do mundo".

Acreditamos na paz, porque ela constrói equilíbrio. Isso exige que sejamos fortes. As grandes potências pacíficas, como França e Brasil, devem reconhecer que, neste mundo cada vez mais desorganizado, nós temos de ser capazes de fazer uso e falar, com firmeza, da força, porque somos as potências que não querem ser lacaios de outros. Nós temos de saber defender com credibilidade a ordem internacional.
Emmanuel Macron, no Rio

Macron se estabeleceu como um dos principais opositores a Putin e tem cobrado uma posição mais crítica de Lula. Esse assunto deverá ser tratado entre os dois nesta visita. Já na Faixa de Gaza, o francês tem se unido ao coro lulista pela paz.

"Grandes potências que cooperam em prol de um equilíbrio e que rejeitam a partilha do mundo. É isso que nos unem", completou Macron, olhando para Lula. "Por causa dessa visão que temos muito mais coisas para fazer hoje e amanhã", completou.

Como é o submarino lançado por Lula

O submarino Tonelero é equipado com sensores modernos, mísseis e torpedos, possui alta capacidade dissuasória por serem armas letais de difícil localização quando submersos.

Ele tem mais de 71 metros de comprimento, com deslocamento submerso de 1.870 toneladas. O equipamento consegue transportar até 35 pessoas em seu interior.

O Tonelero é o quinto submarino da frota brasileira, o terceiro construído totalmente no Brasil. Os outros dois são: Humaitá e Riachuelo.

Visita de Macron ao Brasil

Macron chegou ontem a Belém, na primeira visita ao país como chefe de Estado. Ele e Lula fizeram um passeio de barco pela baía de Guajará, formada pelos rios Guamá e Acará, com parada na Ilha do Combu, onde encontram lideranças indígenas.

Nesta tarde, o francês viaja para São Paulo para participar do Fórum Econômico Brasil-França com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Mais tarde, participa ainda de um jantar com "personalidades da cultura brasileira" nas redondezas da avenida Paulista. O plano é que ele volte caminhando pela avenida, com uma possível parada no Masp.

Os dois voltam a se encontrar em Brasília amanhã (28), para uma reunião bilateral no Palácio do Planalto. Eles devem assinar atos de cooperação entre os dois países e almoçar no Itamaraty. À tarde, visita o Congresso Nacional e se reúne com o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O possível acordo Mercosul-União Europeia estará no centro da conversa. Macron é um dos líderes mais críticos ao acordo, atualmente estacionado, enquanto Lula é um dos maiores entusiastas —um dos objetivos do Itamaraty é tentar destravá-lo.

Os dois têm boa relação. É a primeira vez que Macron vem ao Brasil sob o novo mandato de Lula, mas ambos se encontraram diversas vezes. O brasileiro visitou o palácio francês em 2021, ainda ex-presidente, e foi recebido como chefe de Estado. No ano passado, Lula já presidente, se reuniram na cúpula do G20, em Dubai; no G7, em Hiroshima; e na Cúpula de Paris.

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