Thais Bilenky

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General preso precisa trazer novos envolvidos para fechar delação, diz PF

Um membro da cúpula da Polícia Federal não vê razão para firmar acordo de colaboração premiada com o general Mário Fernandes, indiciado por tramar um golpe de Estado, a menos que ele traga informações sobre pessoas ainda não incluídas na investigação.

Fernandes é um dos principais personagens da trama golpista revelada pela PF, que envolvia até conspirações para matar o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

A CNN informou que Fernandes cogita colaborar com os investigadores e trazer mais elementos sobre o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seu candidato a vice em 2022, general Walter Braga Netto.

Bolsonaro e Braga Netto foram indiciados pela PF na mesma investigação. No entanto, de acordo com a CNN, o general Mário Fernandes estaria incomodado com a versão ventilada por outros indiciados segundo a qual ele seria o grande artífice do golpe e não obedecesse a um comando superior.

Fernandes precisaria apresentar informações e provas robustas para convencer as autoridades a aceitarem um acordo. Na concepção desse investigador ouvido pela coluna, o relatório final da PF é consistente o bastante, e não requer mais elementos para embasar uma eventual denúncia e condenação.

A situação só mudaria se ele envolvesse novos personagens cuja atuação na trama ainda não foi destrinchada —a PF não menciona nomes específicos, apenas o interesse em entender ainda mais como a suposta organização criminosa operou para invalidar as eleições de 2022 e impedir a posse de Lula.

Os mais importantes são Bolsonaro e Braga Netto, os demais são coadjuvantes que ajudaram a compor a trama golpista.

Mario Fernandes, porém, poderia tentar colaborar para obter uma redução de pena, assim como qualquer outro eventual condenado, mas não um termo de delação propriamente dito.

Fernandes foi número 2 do general Luiz Eduardo Ramos Secretaria Geral da Presidência e chegou a assumir a pasta interinamente.

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Ramos não foi indiciado, embora haja menções a ele no relatório. A PF obteve diversas mensagens trocadas entre ambos, inclusive uma em que Fernandes pede a colaboração de Ramos para engajar Bolsonaro no plano golpista.

"Se o senhor tá com o presidente agora e ouvir a tempo, porra, blinda ele contra qualquer desestímulo, qualquer assessoramento diferente. Isso é importante, kid preto. Força", pediu o número 2 ao titular.

Depois da posse de Lula, em 2023, Mário Fernandes se tornou assessor no gabinete do deputado e ex-ministro da Saúde e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ).

Segundo a PF, Fernandes foi um dos militares mais radicalizados e mobilizados no plano para matar Lula, Alckmin e Moraes e dar um golpe de Estado.

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