Não ratificar prisão de Brazão choca e afronta democracia, diz deputada
Colaboração para o UOL, em São Paulo
10/04/2024 11h52
Revogar a prisão preventiva de Chiquinho Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco, representará um choque e uma afronta à democracia, afirmou a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) em entrevista ao UOL News nesta quarta (10).
É chocante para a nossa democracia o Parlamento não ratificar essa prisão preventiva diante de uma série de passos que obstruíram a investigação nos últimos seis anos. É uma afronta à família, aos amigos e ao povo que elegeu Marielle e à democracia brasileira.
No nosso entendimento, há provas robustas no relatório da Polícia Federal, no relatório do Supremo e na ratificação por parte do Ministério Público. A Justiça está apresentando, a partir de provas, os mandantes desse crime brutal que abalou a democracia brasileira. Talíria Petrone, deputada federal (PSOL-RJ)
Talíria disse haver uma articulação entre deputados para que a prisão preventiva de Brazão seja revogada e teme novas obstruções à Justiça.
Ouvimos que alguns partidos liberarão suas bancadas, bem como há uma articulação para que os deputados não depositem seu voto no plenário. A possibilidade de não haver a prisão ratificada está colocada. Aqueles que não depositarem seu voto sem uma justificativa plausível estão coniventes com essa fratura na democracia brasileira.
Falamos de uma prisão preventiva, que ocorre quando há possibilidade de interferências no curso da investigação. Isso já ocorreu nos últimos seis anos e pode ocorrer [novamente], já que os acusados têm poder político e econômico extremo.
Estamos há seis anos aguardando o desfecho de um caso que expressa uma relação promíscua entre política e crime no Rio de Janeiro. As milícias dominam uma grande quantidade de bairros da capital, estão espalhadas pelo Estado inteiro e conduzem a política no Rio de Janeiro. Esse crime é a expressão disso. Estamos vindo de seis anos de obstruções à Justiça, que dificultaram a resolução desse crime. É por isso que essa precisão precisa ser ratificada. Talíria Petrone, deputada federal (PSOL-RJ)
O que aconteceu
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara vota hoje o relatório que é favorável à manutenção da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). A prisão preventiva do parlamentar foi determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
PP e União Brasil vão liberar suas bancadas para decidir como votar. Os deputados, portanto, podem definir individualmente se querem ou não rejeitar a ordem de prisão. A decisão abre espaço para que a Câmara derrube a ordem de Moraes, em uma mensagem para o STF.
Além disso, o Conselho de Ética da Câmara instaurou hoje o processo que pode levar à cassação de Brazão. Se após o processo, que pode levar meses, for aprovada a perda de mandato, os deputados ainda precisam aprová-la no plenário da Câmara. Para isso, são necessários 257 votos.
O deputado foi detido preventivamente sob a acusação de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco.
Chiquinho nega envolvimento no crime. Ele afirma que tinha boa relação com Marielle quando ambos eram vereadores na Câmara Municipal do Rio. "Tivemos um ótimo relacionamento onde ela defendia áreas de seu interesse e eu também defendia os meus", afirmou.
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