Decisão sobre prisão de Brazão vira um referendo sobre Moraes
Há duas semanas, a maioria da Câmara parecia propensa a manter na tranca o deputado Chiquinho Brazão. A decisão foi postegada para esta quarta-feira (10). Já não é tão negligenciável a hipótese de a corporação parlamentar retirar da cadeia o colega acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco.
O lobby em favor da abertura da cela não é inspirado pela popularidade de Chiquinho Brazão, um deputado do baixíssimo clero. O que potencializa o risco da soltura é o desejo de deter a caneta de Alexandre de Moraes. Uma aspiração cultivada por parte expressiva do centrão e da milícia legislativa de Bolsonaro.
Alega-se que não houve flagrante, pré-condição constitucional para a prisão de um parlamentar. Ou que o caso não deveria estar no Supremo, pois Chiquinho era vereador na época do crime. O lero-lero de viés técnico encobre o essencial. Na prática, a decisão que envolve Chiquinho virou uma espécie de referendo sobre a atuação de Moraes.
É grande a irritação dos deputados com a desenvoltura do ministro. Encarcerou o então deputado Daniel Silveira. Colocou a Polícia Federal dentro dos gabinetes dos deputados Carlos Jordy e Alexandre Ramagem. Permitiu que Chiquinho Brazão fosse algemado no dia da prisão.
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