Ativista recua e diz não ter provas de que Moraes ameaçou advogado do X
Do UOL, em São Paulo
11/04/2024 15h56Atualizada em 11/04/2024 18h09
O ativista e jornalista norte-americano Michael Shellenberger recuou, nesta quinta-feira (11), e disse não ter provas de que o ministro Alexandre de Moraes ameaçou processar criminalmente um advogado brasileiro do X - antigo Twitter.
O que aconteceu
Em um post no X, Shellenberger diz que não tem provas do suposto processo criminal. "Isso está incorreto", escreveu.
Na verdade, o processo se referia uma ação do Ministério Público de São Paulo. Segundo um documento publicado pela advogada Estela Aranha, ex-secretária do Ministério da Justiça, para rebater o jornalista, a ação pedia acesso a dados cadastrais para prender uma liderança do PCC.
Porém, Michael Shellenberger diz que os arquivos do chamado "Twitter Files Brasil", como ficou conhecido os textos publicados por ele, são precisos. "No texto acima eu inadvertidamente misturei a exigência de Moraes de desmascarar as identidades das pessoas que usaram essas hashtags com casos diferentes. Lamento o erro e peço desculpas pelo meu erro".
Quem é Michael Shellenberger
Ativista de 51 anos, o norte-americano Shellenberger já foi progressista. "Aos 17 anos morei na Nicarágua para demonstrar solidariedade à revolução sandinista. Aos 23, angariei dinheiro para cooperativas de mulheres da Guatemala. Aos 20 e poucos anos, morei perto da Amazônia fazendo pesquisas com pequenos agricultores que lutavam contra invasões de terras", escreveu ele em artigo para o Centro de Pesquisa Política da Nova Zelândia, em 2020.
Ele disse que viveu no Brasil em 1992, quando "era muito de esquerda". "Na época, as palavras de ordem de Lula e do PT eram 'Sem medo de ser feliz'", escreveu ele no X após a publicação dos arquivos contra Moraes.
Shellenberger afirma que conheceu Lula e se decepcionou com a esquerda. Em entrevista ao Correio do Povo, em 2021, disse que entrevistou Lula "pessoalmente em 1994, entrevistei o Daniel Ortega [presidente da Nicarágua] e trabalhei por pouco tempo com Hugo Chávez [ex-presidente Venezuelano morto em 2013]".
Ele nega, porém, ser bolsonarista. "Não sou fã nem de Bolsonaro, nem de Trump", escreveu no X. "As minhas opiniões políticas são muito moderadas. Mas eu reconheço a censura quando a vejo."
Musk x Moraes
Musk atacou Moraes em publicações no X e insinuou fechar o escritório da rede no Brasil. Empresário questionou o ministro do STF do porquê de "tanta censura no Brasil". Ele fez o comentário em uma postagem no perfil oficial de Moraes.
Moraes é relator de inquéritos sensíveis no Supremo e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O ministro é autor de uma série de despachos que suspenderam perfis, nas redes sociais (entre elas o X), de investigados por suposta disseminação de desinformação e ataques às urnas eletrônicas.
X disse que foi forçado, por meio de decisões judiciais, a "bloquear determinadas contas populares no Brasil". A plataforma informou que comunicou os donos das contas que tiveram que tomar essas medidas, mas declarou não saber as motivações pelas quais as ordens de bloqueio foram emitidas pela Justiça. Os nomes das contas afetadas não foram divulgados.
O empresário pediu a renúncia ou impeachment de Moraes e o chamou de 'Darth Vader do Brasil'. Em uma postagem, ele disse que vai "revelar" como as decisões de Moraes supostamente "violam" as leis brasileiras.
Após os ataques, Moraes determinou a abertura de inquérito pela PF para apurar a conduta do empresário. O documento exige a apuração em relação aos crimes de obstrução à Justiça, inclusive em organização criminosa, e incitação ao crime. O ministro também exigiu a inclusão de Musk como investigado no inquérito das milícias digitais.