Fux anuncia por engano doação de R$ 2,2 bi do fundo eleitoral para o RS

O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), anunciou por engano durante a sessão plenária desta quinta-feira (16) uma suposta doação de R$ 2,2 bilhões do fundo eleitoral para os atingidos pelas chuvas no Rio Grande do Sul que teria sido divulgada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ele acabou se corrigindo depois, mas sem esclarecer qual anúncio ele teria visto. Por enquanto, o Congresso não fez nenhum anúncio oficial sobre esse tema.

O que aconteceu

Ministro elogiou o Congresso durante sessão que debatia mudanças na Lei de Improbidade Administrativa. Fux interrompeu o voto do ministro Alexandre de Moraes no momento em que ele discutia a possibilidade de enquadrar como improbidade administrativa os desvios cometidos no âmbito dos partidos políticos e suas fundações partidárias.

Fux interrompeu Moraes durante fala sobre fundo de campanhas. Moraes discorria sobre o recurso público que abastece os caixas das siglas e de suas fundações, que inclui o fundo de financiamento de campanhas eleitorais que neste ano terá o valor de R$ 6,5 bilhões segundo Moraes.

Interrupção surpreendeu o presidente Barroso. A fala de Fux surpreendeu o presidente do STF, ministro Luis Roberto Barroso. Moraes também levou alguns segundos para retomar seu voto. Veja abaixo o diálogo:

Fux: Sr. presidente, desculpe, como é uma noticia atual, acho um voto até de louvor para o parlamento. Foi anunciado que o Congresso, do fundo eleitoral, doou R$ 2 bilhões e 200 milhões para o Rio Grande do Sul.

Barroso: Quem doou?

Fux: O Congresso Nacional.

Barroso: Do dinheiro do...?

Fux: Fundo eleitoral

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Barroso: Possivelmente do partidário, né?

Fux: Do fundo eleitoral, que foi majorado, né, para R$ 5 bilhões. Eles doaram R$ 2,2 bilhões. Pelo menos foi a notícia que saiu enunciada pelo senador Rodrigo Pacheco. Eu acho louvável e deve ser divulgada.

Barroso: Obrigado, ministro Fux.

Julgamento seguiu e ministro acabou se corrigindo depois. A sessão plenária seguiu normalmente, com Alexandre de Moraes concluindo a apresentação de seu voto, e, na sequência, o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. Depois disso, e antes de os ministros irem para o intervalo da sessão, Fux aproveitou para corrigir sua fala anterior, sem, no entanto, explicar qual anúncio de Rodrigo Pacheco ele teria visto e que teria lhe causado a confusão:

Fux: Só uma observação, eu assisti o pronunciamento do presidente do Congresso manifestando essa concessão de R$ 2 bilhões do fundo eleitoral, mas leio agora que a matéria tornou-se controvertida.

Barroso: Eu não sei se Vossa Excelência percebeu que eu ouvi com atenção, mas nada dizia respeito pelo meu total ceticismo em relação.

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Moraes: Até porque essa previsão é do orçamento do TSE né? Só se fosse para o partido e o partido passasse.

Fux: Há divergências (sob risos dos demais colegas).

O fundo

O Fundo Eleitoral é destinado pela União, por intermédio do TSE, em anos de eleições. Ele serve para custear as campanhas, e neste ano o valor, aprovado em lei, é de R$ 4,9 bilhões.

Existe também o fundo partidário, distribuído anualmente para custear as despesas das legendas políticas. Em 2024, os dois fundos somados chegam a R$ 6,5 bilhões, segundo Moraes, que é presidente do TSE.

O dinheiro do fundo eleitoral não é do Congresso, e sim repassado pela União aos partidos. Portanto, em caso de um repasse ao Rio Grande do Sul, deveria partir das legendas.

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Alguns parlamentares apresentaram projeto de lei que destina uma parte do fundo para o RS. Nenhum texto, por enquanto, foi aprovado nas comissões da Câmara nem do Senado.

Supremo e Congresso não se manifestaram. A reportagem questionou o STF sobre as falas de Fux e aguarda um esclarecimento sobre o episódio. O UOL também questionou a assessoria de Rodrigo Pacheco, mas a informação sobre o fundo não foi confirmada nem negada.

Judiciário já repassou mais de R$ 130 milhões. Apesar da confusão do ministro Fux, o próprio poder Judiciário também tem contribuído para o apoio aos atingidos no Rio Grande do Sul. Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), os tribunais de todo o país já enviaram cerca de R$ 130 milhões para a Defesa Civil do estado graças a uma autorização dada pelo CNJ que liberou a transferência de verbas arrecadadas por meio de multas pecuniárias dos tribunais para o estado.

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