Foragidos do 8/1: Argentina diz que aguarda manifestação oficial do Brasil

O governo argentino disse hoje que não recebeu nenhum contato do governo brasileiro para tratar da extradição de condenados pelo 8 de Janeiro que mudaram para o país vizinho. A fuga foi revelada pelo UOL. Manifestantes golpistas apresentaram à reportagem documentos solicitando permanência definitiva na Argentina.

O que aconteceu

A ministra de Segurança da Argentina, Patrícia Bullrich, deu entrevista hoje falando que o governo argentino ainda não foi procurado pelo brasileiro.

Na sexta-feira, o UOL revelou que o STF e a Polícia Federal estavam alinhavando com o governo brasileiro o pedido de extradição dos brasileiros. Os investigadores identificaram que pelo menos 60 manifestantes golpistas fugiram para Argentina. O país é governado por Javier Milei, político de direita e alinhado com Jair Bolsonaro (PL).

Esta foi a primeira manifestação do governo argentino após a PF dizer que iria enviar o pedido de extradição.

De acordo com a ministra da Segurança, o governo argentino sequer recebeu uma lista de condenados pelo 8 de Janeiro que fugiram para o país. "Não temos alerta vermelho sobre essas pessoas". Alerta vermelho é o sistema da Interpol que contém a lista de pessoas procuradas internacionalmente.

Hoje, a PF confirmou que irá "listar todos os condenados que possivelmente estejam na Argentina e encaminhar, via Ministério da Justiça e Segurança Pública, os pedidos de extradição". A PF não deu uma previsão para o envio da lista.

A PF também afirmou que os nomes dos foragidos serão incluídos na rede de capturas da Ameripol.

Tem que haver pedidos oficiais, tem que passar pela Interpol. Temos acordos com o Brasil, tem que haver um marco legal. Neste momento, pelo menos o Ministério da Segurança não recebeu nenhum tipo de pedido de pessoas, nomes ou listas. Por enquanto permanece como propaganda, mas não como um fato jurídico válido.
Patrícia Bullrich, ministra de Segurança da Argentina do governo Milei, à Rádio Mitre

UOL encontra foragidos

A reportagem do UOL conversou com Luiz Fernandes Venâncio, 50 anos, que faz parte da lista de foragidos que estão na Argentina. Ele mostrou um documento que autoriza sua permanência até 22 de julho e contou sua rotina no país.

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Policiais federais e um advogado argentino especialista em imigração informaram que até esta data não é possível a prisão dele. Eles explicaram que a situação se aplica mesmo em casos de pessoas condenadas. Ou seja, Venâncio e os demais foragidos terão liberdade garantido até seus pedidos sem analisados.

As solicitações de refúgio são examinadas pelo Ministério do Interior no prazo de três meses a partir da protocolação. Venâncio disse ao UOL que tem ajudado outros manifestantes a dar entrada no pedido de permanência.

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