Alvo da PF, advogado de Adélio Bispo defendeu Bola no caso Eliza Samudio
Do UOL, em São Paulo
11/06/2024 14h57Atualizada em 12/06/2024 11h36
O advogado Fernando Costa Oliveira Magalhães, que atuou na defesa de Adélio Bispo, é suspeito de lavar dinheiro para o PCC e foi alvo de uma operação da Polícia Federal hoje (11). A corporação afirma que ele não teve ligação com a facada em Jair Bolsonaro (PL), em 2018, e que Adélio agiu sozinho.
Quem é Magalhães
É um conhecido criminalista de Minas Gerais. Ele tem escritório em Lagoa Santa que atua nas áreas penal, civil, trabalhista, família, comércio exterior e de lavagem de capital, segundo o site do local.
Defendeu o ex-PM Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, no caso Eliza Samudio. O ex-policial foi condenado em 2013 a 22 anos pelo homicídio duplamente qualificado e ocultação do cadáver de Eliza, modelo e ex-amante do goleiro Bruno Fernandes. O crime ocorreu em 2010.
Magalhães atuou com outros três advogados na defesa de Adélio à época do crime. Zanone Manuel de Oliveira Junior, Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa e Marcelo Manoel da Costa também defenderam o servente de pedreiro. Posteriormente, a defesa de Adélio ficou a cargo da Defensoria Pública da União — ele foi absolvido após ser considerado inimputável por transtorno mental.
Magalhães e os outros advogados decidiram defender Adélio para buscar notoriedade pública, de acordo com a conclusão da apuração da PF. Em 2018, em entrevista à BBC Brasil, Oliveira Junior contou que aceitar o caso se tratava de estratégia de autopromoção profissional. Eles sempre afirmaram que seus honorários foram pagos por um doador que pediu para não ser identificado.
A PF obteve indícios de que o advogado atuou na lavagem de dinheiro para o PCC, de valores provenientes do tráfico de drogas. Segundo o colunista do UOL Aguirre Talento, a investigação aprofundou a análise de quebras de sigilo do advogado e concluiu que não existe nenhuma prova de que o PCC pagou pela defesa de Adélio.
Outro lado: o advogado e o escritório disseram "repudiar ilação ou relação com ditos criminosos". Em nota, Magalhães informou que todos os bens e valores bloqueados estão devidamente registrados e declarados. "Por ausência de acesso aos autos, visto que indeferido nesta data conhecer do mesmo estamos impossibilitados de maiores esclarecimentos, contudo confio na justiça e através dela recuperarei o que tolhido e nunca deixarei que maculem minha idoneidade e credibilidade."
Operação apreendeu aeronave e Porsche
Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão nas cidades mineiras de Pará de Minas, Lagoa Santa e São José da Lapa. Eles foram expedidos pela 2ª Vara de Tóxicos, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Comarca de Belo Horizonte.
Os itens foram apreendidos porque há suspeitas de terem sido adquiridos com recursos de origem criminosa. A aeronave tem as iniciais de Fernando Magalhães na sua fuselagem e valor estimado em cerca de R$ 1 milhão.
Foram bloqueados R$ 260 milhões em bens de 31 pessoas físicas e jurídicas. Também foram cumpridos mandados judiciais que determinavam a lacração e a suspensão das atividades de 24 estabelecimentos comerciais.