Adélio teve advogado suspeito de elo com PCC, mas agiu sozinho em facada

Um dos advogados de Adélio Bispo é ligado ao crime organizado, mas não teve relação com o atentado a faca a Jair Bolsonaro (PL) em 2018, informou hoje a Polícia Federal. A corporação mais uma vez concluiu que Adélio agiu sozinho no ataque.

O que aconteceu

Operação foi realizada nesta terça-feira (11) em Minas Gerais e mirou advogado, cujo nome não foi divulgado pela PF. O UOL apurou que se trata do advogado Fernando Costa Magalhães, suspeito de lavar dinheiro para o PCC. Magalhães já teve um avião apreendido e ordem de bloqueio de bens. Ele não atua mais na defesa de Adélio Bispo.

Outro lado: o advogado e seu escritório disseram "repudiar ilação ou relação com ditos criminosos". Em nota, Magalhães informou que todos os bens e valores bloqueados estão devidamente registrados e declarados. "Por ausência de acesso aos autos, visto que indeferido nesta data conhecer do mesmo estamos impossibilitados de maiores esclarecimentos, contudo confio na justiça e através dela recuperarei o que tolhido e nunca deixarei que maculem minha idoneidade e credibilidade."

Bloqueio de R$ 200 milhões. Durante as diligências, foram cumpridos mandados de busca e apreensão para nova análise de equipamentos eletrônicos e documentos. Segundo Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, R$ 200 milhões foram bloqueados e haverá uma investigação sobre lavagem de dinheiro. Andrei usou o termo crime organizado e não citou o PCC.

Sem provas sobre financiamento do atentado contra Bolsonaro. A PF, porém, diz que não há provas de conexão entre o crime organizado e a facada no ex-presidente Bolsonaro em 2018. "Não foi comprovada nenhuma conexão do crime organizado financiando o advogado para defender Adélio", informou o diretor-geral da PF.

PF se manifestou pelo arquivamento do inquérito sobre a facada. A corporação informou hoje que apresentou o relatório final, atendendo a solicitações do MPF (Ministério Público Federal). A decisão final caberá à Justiça.

Esta é pelo menos a terceira vez em que a PF diz que Adélio agiu sozinho. Em setembro de 2018, dias após o atentado, a corporação concluiu que Adélio agiu sozinho no ataque em Juiz de Fora (MG). O delegado do caso disse, na ocasião, que o crime foi motivado por discordância política.

Em maio de 2020, já sob Bolsonaro, a Polícia Federal concluiu uma segunda investigação, que apontou, novamente, não haver mandantes do atentado. A investigação do atentado foi um dos motivos de discórdia entre o então ministro da Justiça, Sergio Moro, e o então presidente. Em depoimento prestado à PF, Moro disse que Bolsonaro teve acesso ao trabalho de investigação sobre o caso. O ex-juiz afirmou também que o presidente alegou uma "suposta falta de empenho" da PF para justificar a troca do então diretor-geral, Maurício Valeixo.

Agora, no governo Lula, a corporação reforça essa conclusão. "Adélio agiu sozinho", disse Andrei, em conversa com jornalistas nesta manhã em Brasília.

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Em junho de 2019, Adélio foi absolvido da facada, após ser considerado inimputável por transtorno mental. Em fevereiro, a Justiça determinou que ele fosse transferido a Minas Gerais, local de origem do processo. Até então, ele cumpria medida de segurança no presídio federal de Campo Grande.

O que disse o diretor-geral da PF

Operação de hoje põe fim em definitivo o caso Adélio Bispo. Comprovamos o vínculo desse advogado com o crime organizado, mas [não há] nenhuma vinculação deste advogado com a tentativa de homicídio ao então candidato. Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF

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