Quaest: Maioria nas redes é contra PL que iguala aborto a homicídio

A maioria dos posts nas redes sociais é contrária ao projeto de lei que prevê equiparar a homicídio abortos com mais de 22 semanas de gestação em qualquer situação — inclusive em casos de gravidez após estupro.

O que aconteceu

52% de 1,1 milhão de publicações analisadas eram contrárias à proposta, ante 15% favoráveis. O levantamento foi feito pela Quaest para o programa Estúdio I, da GloboNews.

O instituto coletou posts no X, Facebook e Instagram, que, juntos, acumulam 5,1 milhões de interações, incluindo likes, compartilhamentos e comentários. O dia de maior mobilização foi quinta-feira (13), quando houve 656,7 mil postagens sobre o tema.

Alguns dos termos mais usados pelos internautas foram "crianças" e "estupro". "Parece ser a narrativa mais forte para mobilização", analisou o diretor da Quaest, Felipe Nunes.

Protestos contra a proposição também aconteceram fora das redes. Na noite de quinta, houve manifestações em ao menos quatro capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Florianópolis.

Câmara aprovou nesta semana urgência para a proposta, o que significa que ela não precisará passar pelas comissões temáticas, e pode ir à votação em plenário a qualquer momento.

Entenda o projeto

Proposta de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) prevê que aborto com mais de 22 semanas de gestação seja considerado homicídio em qualquer situação —inclusive em casos de gravidez após estupro.

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A pena para a mulher pode ser de seis a vinte anos de prisão. Para estupradores, o tempo de detenção máximo é de dez anos.

A lei brasileira permite o aborto em três casos: gestação após estupro, risco de morte para a mãe e fetos anencefálicos. Não há restrição de tempo para o procedimento.

Caso seja aprovado, projeto agrava casos de gravidez de meninas de até 14 anos e revitima vítimas de estupro, disse a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.

Seja por desinformação sobre direitos e como acessá-los, exigências desnecessárias, como boletim de ocorrência ou autorização judicial; ou pela escassez de serviços de referência e profissionais capacitados, o Brasil delega a maternidade forçada a essas meninas vítimas de estupro, prejudicando não apenas o futuro social e econômico delas, como também a saúde física e psicológica.
Cida Gonçalves, ministra das Mulheres, em nota

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