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Josias: Para Lula, Dirceu representa retrovisor e Marina Silva, para-brisa

Enquanto o ex-ministro José Dirceu representa um retrovisor, a atual ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) representa um para-brisa para o presidente Lula (PT) em relação à crise na Venezuela, disse o colunista Josias de Souza no UOL News desta quarta (31)

Dirceu declarou apoio à vitória de Maduro, anunciada sob protestos da oposição e desconfiança da comunidade internacional — a OEA (Organização dos Estados Americanos) não reconheceu o resultado; Marina Silva, no entanto, contestou a eleição e disse que o país não é uma democracia.

"O José Dirceu é símbolo dessa era em que o PT virou um outro nome para escândalo. O Lula reabilitado concorreu à presidência da República contra a precariedade do Bolsonaro, empurrado pelo fator democrático, empurrado por uma frente ampla que incluía, entre as suas estrelas, a Marina Silva (Rede), que aderiu a campanha do Lula".

"E o Lula se esquece que foi devolvido ao Palácio do Planalto empurrado por pessoas, por eleitores, que votaram na defesa da democracia. Não votaram para que ele voltasse, para que ele retornasse ao Planalto. Votaram para defender a democracia. Então, o Lula se distancia desse eleitoral. Convém ao Lula se guiar pelas palavras da Marina Silva. Não pelo retrovisor do José Dirceu. Porque ele homenageará esse eleitor que votou nele em defesa da democracia". Josias de Souza, colunista do UOL.

Segundo Josias, enquanto o Brasil enfrentava as tentativas de golpe de Jair Bolsonaro, Lula estava se referindo à Venezuela como uma "democracia relativa".

"É preciso lembrar que no ano passado quando o TSE puniu o Bolsonaro por ter sonhado com uma ditadura absoluta no Brasil, o Lula estava tratando a Venezuela do Maduro como uma democracia relativa. E o Maduro desgovernado se portou como ditador absoluto. Ele ameaçou invadir a Guiana. Prendeu oposicionistas, descumpriu o Acordo de Barbados que foi fiançado pelo Lula, que previa eleições transparentes". Josias de Souza, colunista do UOL.

Para Josias, Lula precisa seguir a posição de Marina se quiser ser competitivo na busca pela reeleição em 2026.

"É preciso que o Lula esqueça o retrovisor que o José Dirceu representa, que ele comece a olhar o futuro pelo para-brisa que inclui a Marina Silva, que inclui gente como Pedro Malan, que estava na frente ampla. E essa frente ampla atraiu eleitores que deram competitividade ao Lula. Então, o Lula não pode esquecer disso. Até porque ele se declara, de antemão, candidato a reeleição em 2026. Pela lógica política é preciso que o Lula siga pelos referenciais corretos.

Mimando ditadores companheiros como Maduro, o Lula passa a enxergar a realidade pelo retrovisor representado pelo Dirceu, e não pelo para-brisa que representa a Marina Silva". Josias de Souza, colunista do UOL.

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Análise: Ao se aproximar da Venezuela, Brasil se tornou refém de Maduro

Lula, com a diplomacia brasileira e a sequência de aproximações com a Venezuela, foi se tornando um refém de Maduro. Isso é um quadro curioso. Maduro foi ficando com a faca e o queijo na mão e usa fatos políticos para postergar qualquer tipo de cobrança.

A expulsão dos representantes diplomáticos fez parte dessa mesma estratégia, como faz agora essa tensão no ar de prender opositores. Ele fará isso porque não tem como dar as atas e as deixará para nunca. A posição de Brasil, México e Colômbia acompanha esse mesmo processo. Esperamos um posicionamento desses três países frente a fatos consumados na Venezuela.

Quando se trata de construir ditaduras, Maduro tem a ensinar a muita gente. Ele consegue fazer isso de forma competente. Aquilo que lhe é essencial, deixa de lado; as atas não aparecerão nunca, e ele cria fatos. Qualquer ditador tem exatamente esse procedimento. Maduro não é diferente. Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM

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