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Marina Silva diz que Venezuela não é democracia e destoa de Lula

Do UOL, em São Paulo

31/07/2024 09h00Atualizada em 31/07/2024 11h42

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que a Venezuela "não se configura como uma democracia". A declaração foi dada em entrevista ao site Metrópoles publicada hoje (31).

O que aconteceu

Fala de Marina diverge do discurso adotado pelo presidente Lula. "Na minha opinião pessoal — eu não falo pelo governo — [a Venezuela] não se configura como uma democracia. Muito pelo contrário", disse a chefe do Ministério do Meio Ambiente.

Apesar de divergir da opinião de Lula, a ministra elogiou a postura do governo. "O Brasil está muito correto quando diz que quer ver o resultado eleitoral, os mapas, todas as comprovações de que, de fato, houve ali uma decisão soberana do povo venezuelano", declarou.

O Ministério das Relações Exteriores não parabenizou Nicolás Maduro. Em nota divulgada na segunda-feira (29), a pasta disse aguardar a "publicação de dados desagregados por mesa de votação".

O que disse Marina

Um regime democrático pressupõe que as eleições são livres, pressupõe que os sistemas são transparentes, pressupõe que não há nenhuma tentativa de perseguição política ou tentativa de inviabilizar com que os diferentes segmentos da sociedade, que legitimamente têm o direito de pleitear e chegar ao poder, venham a sofrer qualquer tipo de constrangimento ou impedimento.
Marina Silva, à coluna de Guilherme Amado

O que disse Lula

Lula disse que não houve "nada de grave" nas eleições da Venezuela. Ontem (30), o presidente afirmou que não viu nada "assustador" no pleito realizado no último final de semana e que a contestação pela oposição a Nicolás Maduro é um "processo normal". A fala foi em entrevista à TV Centro América, filiada da Rede Globo em Mato Grosso.

Este não é um reconhecimento de resultado pelo governo brasileiro, segundo o presidente. Em conversa com Maduro, o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial da Presidência enviado para acompanhar a votação, reforçou o pedido de cobrança de atas, e o governo Lula só deverá se pronunciar oficialmente após uma revisão interna.

A eleição no país vizinho resvala em Lula desde antes do pleito. Aliado histórico de Maduro, o presidente brasileiro demorou a reconhecer que as prévias do processo eleitoral estavam passando por processos questionáveis, com duas candidatas da oposição impedidas de disputar o pleito.

PT disse ter considerado a eleição pacífica, democrática e soberana. Para Lula, o partido "fez o que tem de fazer" e o comunicado é um "elogio ao povo venezuelano pelas eleições pacíficas". Protestos têm se intensificado com violência e repressão.

Tem uma briga, como vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se ata tiver dúvida entre oposição e situação, oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça tomar o processo. Aí vai ter a decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo.

O PT reconheceu. A nota do PT reconhece, é um elogio ao povo venezuelano pelas eleições pacíficas que houveram e, ao mesmo tempo, reconhece que tribunal eleitoral já reconheceu Maduro como vitorioso, a oposição ainda não. Aí tem um processo. Não tem nada de grave, nada de assustador, vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a 3ª Guerra Mundial.
Lula, em entrevista à TV Centro-América

Eleição na Venezuela foi concluída no domingo (28), e autoridades do país apontaram vitória de Maduro por 51,2% dos votos. Oposição e líderes estrangeiros denunciaram fraude, e a OEA (Organização dos Estados Americanos) informou nesta terça (30) que o processo teve "vícios, ilegalidades e más práticas".

Maduro foi proclamado presidente na segunda (29). O reconhecimento ocorreu mesmo sem a divulgação das atas da eleição.

Protestos tomaram cidades da Venezuela e deixaram ao menos 12 mortos. Os manifestantes exigem que os votos sejam recontados, e estátuas de Hugo Chávez foram derrubadas.

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