Ministra pede união contra violência à mulher para 'não ter Daniel Alves'

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, afirmou que o enfrentamento à violência contra a mulher tem de unir esforços de toda a sociedade para evitar casos como o do ex-jogador Daniel Alves, condenado por estupro.

O que aconteceu

Ministério vai lançar a campanha Feminicídio Zero mesmo após anúncio de cortes. A iniciativa visa conscientizar a sociedade sobre a violência de gênero e começa em agosto, mas a ideia é que seja uma mobilização permanente. A proposta terá manifesto, política públicas e divulgação de materiais gráficos.

A conversa tanto com o presidente do Corinthians quanto com o presidente do Flamengo, que foram as mais demoradas, nessa perspectiva de que nós precisamos ter agora no mês de agosto uma posição, é de os jogadores entrarem com braçadeira, ter faixa, mas, afora isso, precisa que o time também pense em um programa para as suas bases, para os seus futuros jogadores, para que a gente não possa ter [casos como o de] Daniel Alves e Robinho.
Cida Gonçalves, ministra das Mulheres

Ministério terá corte de R$ 62,7 milhões. O montante faz parte do congelamento de R$ 15 bilhões de despesas no Orçamento de 2024.

Ministra levou a proposta para clubes de futebol e empresas privadas. Gonçalves afirmou, em conversa com jornalistas, que já discutiu o tema com Flamengo e Corinthians e está em diálogo com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Além disso, a proposta de adesão à mobilização também foi levada para a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e outras empresas.

Faixas nos estádios e uso de braçadeiras. Entre as propostas discutidas entre o ministério e os clubes, é que sejam exibidos, antes dos jogos, materiais com frases contra o feminicídio e que as inscrições estejam estampadas nas braçadeiras ou camisetas dos jogadores.

Nós precisamos investir enquanto governo, sabemos da nossa responsabilidade, vamos continuar fazendo isso mesmo com o contingenciamento, mas só o governo, a política pública, hoje, nós não vamos dar conta de enfrentar a violência contra as mulheres. Ou nós mobilizamos a sociedade para criar uma nova cultura, outros espaços, outras formas de mobilização, ou nós não vamos conseguir.
Cida Gonçalves, ministra das Mulheres

Brasil bate recorde em feminicídio. Em 2023, o país teve 1.463 vítimas e registrou uma morte a cada seis horas no ano passado, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. É o maior número de feminicídios desde que o crime foi tipificado, há nove anos.

Ministra criticou fala de Lula

Gonçalves afirmou que vai conversar com o presidente Lula sobre o comentário que ele fez em relação à violência contra a mulher. O chefe do Executivo fez um comentário machista ao comentar uma pesquisa que aponta o crescimento da agressão contra as mulheres após jogos de futebol. "Se o cara é corintiano, tudo bem", disse o petista, que é torcedor do clube.

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Quando o tema nos incomoda muito, decidimos fazer uma piadinha, porque achamos que melhora as coisas e diminui o impacto da notícia. O que eu tenho dito é que piadinha nem presidente da República [pode fazer]. Eu vou falar para ele quando encontrá-lo, acho que a Janja já falou. Não consegue falar, não fala, mas não faz piada, não brinca com o que é a vida da pessoa.
Cida Gonçalves, ministra das Mulheres

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