Candidatos a prefeito do PL e do centrão lideram em 22 capitais do país

Candidatos a prefeito lançados por partidos do centrão e do direitista PL lideram as pesquisas de intenção de voto em 84,6% das capitais brasileiras.

O que aconteceu

Centrão e PL lideram as pesquisas em 22 das 26 capitais. Somados, os candidatos do centrão — MDB, PSD, União Brasil, Republicanos e Progressistas — são líderes em 17 capitais, enquanto o PL está na frente em cinco. O centrista Avante lidera em uma delas.

A esquerda briga pelo topo com apenas três candidatos: um deles lidera (PSB) e dois — do PT e PSOL— dividem a liderança com partidos do centrão.

A menos de um mês do 1º turno, o União Brasil é favorito em seis capitais. O partido lidera em Campo Grande, Fortaleza, Porto Velho, Cuiabá, Salvador e Teresina.

O PL, de Jair Bolsonaro, vem em seguida ao liderar em cinco. Seus candidatos estão na frente em Aracaju, Belém, Maceió, Palmas e Rio Branco.

PSD também é o primeiro em cinco cidades. Lidera em São Luís, Natal, Rio de Janeiro, Florianópolis e Curitiba.

O MDB aparece em seguida: é o primeiro em Boa Vista, Macapá e Porto Alegre.

Candidatos do Republicanos e Progressistas também lideram. O Republicanos está em primeiro em Belo Horizonte e Vitória, enquanto PP é líder em João Pessoa.

O levantamento é do UOL. Para conhecer os institutos de pesquisa mencionados, os candidatos mais bem colocados em cada capital e suas respectivas porcentagens, basta colocar o cursor do mouse sobre os circulos coloridos em cada estado na mapa abaixo:

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O centrão domina a Câmara dos Deputados, com mais de 200 dos 513 parlamentares. O bloco é composto por políticos de centro e de direita de diversos partidos sem uma ideologia clara. Por vezes, votam pautas progressistas, outras, conservadoras, e especialmente as pauta econômicas. A negociação com quem está no poder considera cargos e emendas em contrapartida.

O bloco ganhou esse apelido na Assembleia Constituinte de 1988. Conhecido pela boa articulação no Congresso, sua mobilização em votações importantes transformou o centrão no interlocutor preferencial do Executivo ao longo dos anos. Eles já formaram a base de todos os presidentes desde a redemocratização, mas ganharam destaque especial depois do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016.

As chances da esquerda

Os conservadores só não lideram em quatro capitais. O candidato do Avante é o primeiro em Manaus, com David Almeida.

Já a esquerda está na frente em três capitais. O PSOL de Guilherme Boulos está tecnicamente empatado em São Paulo com os postulantes do MDB (prefeito Ricardo Nunes) e PRTB (Pablo Marçal), outro partido de direita, segundo o Datafolha.

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O PT lançou uma delegada para disputar a liderança com o PSD. Adriana Accorsi empata na margem de erro com Vanderlan Cardoso em Goiânia, conforme o Instituto Serpes.

O partido de Lula também ameaça em Porto Alegre. Maria do Rosário tem 31% das intenções de voto, empatada no limite da margem de erro —três pontos percentuais para mais ou menos— com Sebastião Melo (MDB), que lidera numericamente com 36%, de acordo com pesquisa Quaest.

O único candidato da esquerda favorito a vencer no primeiro turno é João Campos (PSB). Ele lidera com folga segundo todas as pesquisas.

Conservadorismo avança

Campanha municipal não reflete necessariamente a polarização nacional, que em 2022 opôs Lula e Bolsonaro. "Campanha para prefeito tem uma dinâmica própria. A exceção é quando um fato nacional acontece, como o impeachment da Dilma [Rousseff (PT)] em 2016. O PT perdeu cerca de 70% dos vereadores e prefeitos", diz o cientista político Cláudio Couto, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) em São Paulo.

Ele diz que a direita, que já é maior no Brasil, avança. "É natural a presença maior da direita no plano local porque tem mais partidos e estão mais espalhados pelo país", diz Couto. "Depois da crise de 2015, a esquerda não se recuperou localmente e esse espaço foi ocupado pela direita."

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O professor afirma que o Brasil "vive um avanço do conservadorismo". "Bolsonaro perde por pouco em 2022, mas tem uma vitória avassaladora do Congresso, o mais conservador da história. Isso se deve a essa onda conservadora na sociedade", afirma Couto.

Esse avanço se traduziu em mais dinheiro para eleições. O Fundo Eleitoral é uma verba pública divida entre os partidos com representação no Congresso para financiar as campanhas eleitorais. Quanto maior a bancada de uma sigla, mais dinheiro ela recebe. Este ano, o valor é recorde: R$ 4,9 bilhões. "Se somar todos os partidos da direita, eles têm a maior parte dos recursos eleitorais", diz Couto.

Deputados e senadores também contam com cada vez mais dinheiro de emendas parlamentares, R$ 44,6 bilhões este ano. "Eles articulam com vereadores e prefeitos de suas bases eleitorais para enviar emendas, beneficiando as candidaturas locais", afirma o professor. "Depois, o sentido é inverso: aqueles que se elegem prefeito e vereador têm uma máquina que vai ajudar na eleição para deputado dois anos depois."

A direita, que já era poderosa, se fortaleceu depois da crise de 2015 e agora passa por um ciclo de grande poder que se reflete nas eleições municipais.
Cláudio Couto, cientista político

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