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Kassab quer voto do PT em sucessão de Lira na Câmara e acena com cargo

Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, tem uma estratégia para tentar levar a presidência da Câmara para seu partido em 2025 Imagem: Avener Prado/Folhapress

Do UOL, em Brasília

15/10/2024 05h30

O apoio da federação PT, PCdoB e PV deve ser decisivo para os pré-candidatos à presidência da Câmara em 2025. Juntos, os partidos somam 81 deputados e formam a segunda maior bancada da Casa. De olho nesse quantitativo, os concorrentes ao cargo têm ofertado vagas na mesa diretora em troca de votos.

O que aconteceu

PSD e União Brasil ofereceram a vice-presidência da Câmara. A dupla de postulantes ao cargo Antônio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil-BA) está oferecendo a primeira vice-presidência da Casa à federação do PT. O parlamentar que ocupar este cargo também será o vice-presidente do Congresso Nacional.

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A última vez que os petistas ocuparam o cargo foi em 2013, quando Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) foi eleito presidente. Naquele ano, André Vargas (PT-PR) assumiu a vice-presidência, mas renunciou em 2014 após abertura de processo no Conselho de Ética por possível envolvimento com o doleiro Alberto Youssef. O deputado foi substituído por Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Gilberto Kassab tenta utilizar o sucesso das eleições municipais de 2024 para negociar a presidência da Câmara. O PSD desbancou o MDB e elegeu 878 prefeitos no primeiro turno das eleições. O presidente do PSD tem apoiado Brito para assumir o comando da Casa e "inviabilizou" a candidatura de Marcos Pereira (Republicanos-SP).

Brito e Elmar fizeram um acordo para disputar a presidência. Após ser escanteado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o deputado do União Brasil combinou com Brito que ambos seguiriam com suas candidaturas para forçar um segundo turno de votação contra Hugo Motta (Republicanos-PB), que ganhou o apoio de Lira para a sua sucessão. A ideia é que, ao final, eles juntem esforços para derrotar o republicano.

Motta ofereceu a primeira secretaria. Aliados do candidato do Republicanos afirmam que ele ofereceu o cargo ao petistas, que, hoje, ocupam a segunda secretaria. A posição tem atribuições mais administrativas na Câmara, como ratificar as despesas da Casa, encaminhar requerimentos de informação e solicitar que o Executivo envie projetos de lei, entre outros.

PT ainda não definiu apoio. Apesar dos cortejos, os petistas ainda não fizeram uma reunião oficial de bancada para bater o martelo sobre quem apoiar para a presidência. Deputados ouvidos pelo UOL dizem que, além dos cargos na mesa diretora, é importante que o próximo presidente da Câmara garanta a governabilidade do presidente Lula.

Cálculo matemático e político

Disputa pela presidência envolve ainda outros nove cargos na mesa diretora. Além da presidência e da primeira vice, há ainda a segunda vice-presidência e quatro secretarias, com um suplente para cada uma delas. A escolha dos integrantes envolvem negociações políticas e um cálculo matemático previsto no regimento interno da Câmara.

Eleição dos integrantes da mesa é secreta e pelo sistema eletrônico de votos. O regimento interno da Câmara diz que, para se eleger, os candidatos precisam obter a maioria absoluta dos votos, ou seja, 257 votos. Os nomes dos postulantes têm de ser registrados individualmente ou por chapa escolhidas pelas bancadas dos partidos ou blocos partidários.

Tamanho dos blocos e partidos pode ser considerados na escolha dos cargos. De acordo com o regimento, a distribuição das posições na mesa diretora é feita por escolha da liderança partidária, da maior para a menor. Na prática, o maior bloco tem preferência nos pedidos para compor a mesa diretora, condição que também serve ao maior partido.

Nada definido. Ainda que Brito, Elmar e Hugo queiram oferecer cargos ao PT, a promessa só poderá ser cumprida por quem conseguir formar o maior bloco na disputa.

Blocões devem mudar no próximo ano. O grupo com maior número de deputados tem 161 parlamentares e somam União Brasil, PP, a federação PSDB / Cidadania, PDT, Avante, Solidariedade e PRD. Na sequência, vem o grupo formado por MDB, PSD, Republicanos e Podemos, que totalizam 147. Diante das negociações para a presidência da Câmara, a composição dos blocões deve mudar em fevereiro de 2025, que é quando acontece a eleição para o comando da Casa.

Motta já conta com 186 votos. Apadrinhado por Ciro Nogueira, presidente do PP, e por Lira, o candidato do Republicanos já conta, em tese, com os 50 votos da bancada. Também houve sinalização de apoio do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é a maior sigla da Casa, com 92 deputados. Há ainda o próprio Republicanos, com 44 parlamentares. Embora ainda não tenham batido o martelo oficialmente, o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), é muito próximo de Motta e a bancada deve apoiá-lo.

Brito e Elmar esperam conseguir mais que os 257 votos necessários para eleger o presidente. União Brasil e PSD têm 59 e 45 deputados, respectivamente. Os pré-candidatos contam que podem fechar os apoios do PDT (18), PSB (14) e das federações PSDB/Cidadania (17) e PSOL/Rede (14).

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