STF entendeu que processos contra Dirceu eram para atingir Lula, diz defesa

A defesa de José Dirceu (PT) disse que o ex-ministro "sempre confiou na Justiça", ao comentar a decisão do ministro do STF Gilmar Mendes, que anulou todas as condenações da Lava Jato contra Dirceu.

O que aconteceu

Defesa destaca que Gilmar considerou que "os processos contra Dirceu tinham como objetivo real atingir" Lula. Em sua decisão, o ministro do STF entendeu que as ações movidas na Lava Jato contra o petista tinham como propósito servir de "alicerce" para as denúncias que foram apresentadas posteriormente contra o presidente Lula.

Veja nota da defesa de José Dirceu:

"O ex-ministro José Dirceu recebeu com tranquilidade a decisão do Supremo Tribunal Federal que anula todas as condenações da operação Lava Jato que incidem contra ele. A decisão, que restitui seus direitos políticos, entende que os processos contra Dirceu tinham por objetivo real atingir o presidente Luís Inácio Lula da Silva, o que demonstra a quebra de parcialidade das ações.

A anulação atende ao pedido da defesa do ex-ministro, que solicitou a extensão da decisão da 2ª Turma do Supremo que considerou parciais as decisões da Lava Jato e do ex-juiz Sergio Moro nos casos que envolvem o presidente Lula. José Dirceu sempre confiou na Justiça.

Defesa do ex-ministro, José Dirceu - Dr. Roberto Podval"

A decisão de Gilmar

Com a decisão, na prática, Dirceu retoma seus direitos políticos e deixa de ser considerado "ficha-suja". A decisão atende a um pedido da defesa para estender ao ex-ministro a decisão da 2ª Turma do STF que considerou o ex-juiz Sergio Moro suspeito para julgar Lula.

Na decisão, Gilmar critica a "confraria formada pelo ex-Juiz Sérgio Moro e os Procuradores da Curitiba". Ele diz que a operação "encarava a condenação de Dirceu como objetivo a ser alcançado para alicerçar as denúncias que, em seguida, seriam oferecidas contra Luiz Inácio Lula da Silva".

Continua após a publicidade

Gilmar decidiu estender a Dirceu o entendimento que anulou condenações de Lula. "A extensão, assim, legitima-se não como uma medida geral, que aproveita a qualquer outro investigado na Lava Jato, mas devido a indicativos de que o juiz e procuradores ajustaram estratégias contra esses réus, tendo a condenação de um deles como alicerce da denúncia oferecida contra outro", argumentou o ministro do STF.

Ante o exposto, ante a situação particular do réu, defiro o pedido da defesa para determinar a extensão da ordem de Habeas Corpus (...) anulando todos os atos processuais do ex-juiz federal Sergio Moro nesses processos e em procedimentos conexos, exclusivamente em relação ao ex-ministro José Dirceu.
Trechos da decisão do ministro Gilmar Mendes

Na decisão tomada logo após o fim do segundo turno das eleições, o decano do STF recupera o julgamento do STF e mensagens da Vaza Jato. Ao longo de 24 páginas, Gilmar menciona os sete indícios que o Supremo levou em conta ao considerar que houve quebra de imparcialidade por Moro ao julgar Lula. Ele também lista mensagens entre a força-tarefa de Curitiba e o ex-juiz reveladas pela imprensa.

Gilmar mencionou o fato de Moro ter deixado a magistratura para assumir o ministério da Justiça do governo Bolsonaro. O decano do STF afirmou que Moro tinha o desejo de "impulsionar movimentos sociais e forças de oposição ao partido político liderado pelo paciente —forças estas a que ele mesmo, em seguida, viria a aderir, quando aceitou o convite para integrar o governo de Jair Bolsonaro".

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.