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Lira anuncia Hugo Motta como seu candidato à presidência da Câmara

Do UOL, em Brasília

29/10/2024 09h04Atualizada em 29/10/2024 12h49

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anunciou apoio oficial ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) como seu candidato na disputa pela presidência da Casa a partir de 2025.

A escolha de Lira

Lira afirmou que Motta é o candidato "com maiores condições políticas de construir convergências no Parlamento". Em pronunciamento à imprensa na manhã desta terça-feira (29), ele confirmou que o líder do Republicanos terá seu apoio para concorrer ao comando da Câmara a partir de fevereiro. Só mais tarde o partido oficializou a candidatura.

Presidente da Câmara soltou a mão de Elmar Nascimento e abraçou Motta. Durante meses, a expectativa era que Lira escolhesse Elmar, mas aliados afirmaram ao UOL que o candidato "de coração" era Motta. O deputado alagoano não pode se reeleger e quer fazer o sucessor para transferir seu capital político e ter influência na Casa.

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Elmar não se "viabilizou", e Motta virou o "candidato de consenso". Segundo relatos de deputados próximos a Lira, o líder do União Brasil não foi indicado para ser seu sucessor por "falta de apoio" dos partidos. O republicano, contudo, é o deputado que dialoga com todos os grupos políticos da Câmara e seria o postulante com maior aceitação entre as siglas.

Lira fez anúncio ao lado de líderes de diferentes partidos. Estavam presentes na residência oficial Dr. Luizinho (PP-RJ), Isnaldo Bulhões (MDB-AL), Romero Rodrigues (Podemos-PB), além de Rubens Pereira Jr. (PT-MA) e Silvia Waiãpi (PL-AP).

Depois de muito conversar e sobretudo de ouvir, estou convicto de que o candidato com maiores condições políticas de construir convergências no Parlamento é o deputado Hugo Motta, nome que demonstrou capacidade de aliar polos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez. Estou certo de que Hugo Motta, deputado experiente, em seu quarto mandato, e que viveu e vive de perto os desafios que perpassam a nossa gestão, vai saber manter a marcha da Câmara dos Deputados.
Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados

Lira criou comissão especial para o projeto de anistia para os envolvidos nos ataques às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Isso faz com que a proposta demore um pouco mais a ser analisada, após pressão do PT, que impôs como condição para o apoio a Motta que o projeto não avançasse. Lira defendeu que o tema seja discutido na Casa sem se transformar em uma disputa política.

Nada deve ser obstado. Há de ser plena a liberdade do Parlamento de formular, discutir, debater, pensar as temáticas mais relevantes e sensíveis de nossa gente. Assim também deve ser com a chamada Lei da Anistia. O tema deve ser devidamente debatido pela Casa. Mas não pode jamais, pela sua complexidade, se converter em indevido elemento de disputa política, especialmente no contexto das eleições futuras para a Mesa Diretora da Câmara.
Lira sobre a tramitação do PL da Anistia

O atual presidente da Câmara se referiu a Brito e a Elmar como "verdadeiros amigos de vida". "Com eles, tal como com todos os Parlamentares, mantive um diálogo aberto, franco e, sobretudo, leal, e a todos fiz apenas um único pedido: viabilizem-se junto às deputadas e aos deputados, pois, sem convergência, não há governabilidade. E, sem governabilidade, sofre o país."

Lira já havia sinalizado apoio

Motta entrou oficialmente na disputa após a desistência de Marcos Pereira. O líder do Republicanos corria por fora na disputa, enquanto o presidente de seu partido se apresentava como candidato. Pereira, no entanto, acabou desistindo após o presidente do PSD, Gilberto Kassab, "inviabilizar" sua candidatura.

Presidente da Câmara já tinha sinalizado que Motta seria seu indicado em almoço com líderes. Apesar de oficializar somente agora, Lira já tinha comunicado sua decisão a algumas lideranças partidárias durante a comemoração do aniversário do republicano. Após o indicativo, o deputado alagoano e Motta foram a eventos públicos e privados juntos, como a festa de 80 anos do ex-senador Jader Barbalho (MDB) em Belém, no Pará.

Ciro Nogueira, Arthur Lira e Hugo Motta no aniversário de 80 anos do ex-senador Jader Barbalho Imagem: Reprodução

Lira tem se dedicado a formar bloco para eleger Motta. O deputado alagoano espera formar um grupo que pode reunir, além do PP e Republicanos, outras siglas como o PL, MDB e Podemos. De acordo com aliados, o presidente da Casa também tem pressionado o PT a declarar apoio ao seu candidato. Como o partido faz parte de uma federação com PCdoB e PV, essas duas siglas viriam juntas. Há uma expectativa do PDT e PSB apoiarem o republicano.

Petistas impuseram condicionante para apoio a Motta. O partido do presidente Lula é contra o avanço do projeto de lei que anistia os presos em 8 de Janeiro, uma pauta dos bolsonaristas. O tema foi assunto do jantar com Motta e parlamentares do partido na casa do deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA). Na ocasião, o líder do Republicanos disse que o tema não entraria na campanha e que Lira resolveria a situação ainda neste ano. Agora, cabe ao deputado alagoano resolver o imbróglio e garantir os apoios do PT e PL, que são as maiores bancadas da Câmara.

Líder do PT diz que sigla está discutindo apoio. O deputado Odair Cunha (MG) afirmou que o partido está debatendo qual tese irá seguir: "a permanência no "blocão" formado para reeleger Lira em 2023 (com todos os partidos, exceto Novo e PSOL) ou se a sigla irá "produzir um novo bloco" na Casa". Segundo ele, "uma disputa acirrada não é boa para os interesses do PT nem aos interesses do governo".

Governo não se opõe a Motta. Pereira comunicou sua desistência a Lula ao lado do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que é do mesmo partido. Segundo interlocutores, o petista teria dito que não é contra o nome do líder do Republicanos.

Centrão rachado

Lira quer mostrar que o atual acordo entre PSD e União Brasil não vai funcionar. Aliados do presidente da Câmara afirmam que ele tenta convencer Kassab de que a junção entre Antônio Brito (PSD-BA) e Elmar para formar um "bloco governista" contra Motta não tem chance de prosperar.

Deputados baianos se uniram para tentar derrotar o republicano. Após Lira frustrar as expectativas de Elmar e não anunciá-lo como seu sucessor, o líder do União Brasil e Brito resolveram manter suas candidaturas para forçar um segundo turno de votação contra Motta. A ideia é que, ao final, eles juntem esforços para derrotar o republicano.

PSD e União Brasil podem ficar isolados na Câmara. Caso a formação do blocão se concretize, o partido de Kassab e de Antônio Rueda podem ficar sem espaço na Mesa Diretora da Câmara se não aderirem ao grupo.

Motta ofereceu a primeira secretaria. Aliados do candidato do Republicanos afirmam que ele ofereceu o cargo ao petistas, que, hoje, ocupam a segunda secretaria. A posição tem atribuições mais administrativas na Câmara, como ratificar as despesas da Casa, encaminhar requerimentos de informação e solicitar que o Executivo envie projetos de lei, entre outros.

PSD e União Brasil ofereceram a vice-presidência da Câmara. Conforme mostrou o UOL, com apoio de Kassab, a dupla Brito-Elmar também procura atrair o PT e ofereceu a primeira vice-presidência da Casa à federação do PT. O parlamentar que ocupar este cargo também será o vice-presidente do Congresso Nacional.

Tamanho dos blocos e partidos são considerados na escolha dos cargos. De acordo com o regimento, a distribuição das posições na mesa diretora é feita por escolha da liderança partidária, da maior para a menor. Na prática, o maior bloco tem preferência nos pedidos para compor a mesa diretora, condição que também serve ao maior partido.

Podcast "Lira: os Atalhos do Poder": No episódio 5, Thais Bilenky conta sobre negociação de Lira para emplacar um sucessor que mantenha sua influência no Congresso.

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