Topo

Dino proíbe quatro livros de direito com trechos homofóbicos e misóginos

Flávio Dino mandou tirar de circulação livros com trechos ofensivos a mulheres e à comunidade LGBTQIA+ Imagem: Antonio Augusto - 31.out.2024/STF

Do UOL, em São Paulo

01/11/2024 12h04Atualizada em 04/11/2024 12h49

O ministro do STF Flávio Dino determinou a retirada de circulação de quatro livros de direito com conteúdos homofóbicos e misóginos.

O que aconteceu

Dino determinou multa de R$ 150 mil por danos morais coletivos pelo conteúdo das obras. A decisão do ministro foi tomada após recurso do MPF (Ministério Público Federal) contra julgamento do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), que havia negado a retirada de circulação dos livros. As obras são dos autores Luciano Dalvi e Fernando Dalvi e foram lançadas pela Conceito Editorial.

Ministro disse que, se trechos ofensivos forem retirados, as obras podem voltar a circular. O caso chegou à Justiça após estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, identificarem os trechos homofóbicos e misóginos na obra. A assessoria da UEL informou ao UOL que os livros foram retirados da biblioteca em 2013.

A liberdade de expressão não alcança a intolerância racial e o estímulo à violência, sob pena de sacrificar inúmeros outros bens jurídicos de estatura constitucional.
Flávio Dino, ministro do STF

As obras retiradas de circulação são:

  1. Curso Avançado de Biodireito;
  2. Teoria e Prática do Direito Penal;
  3. Curso Avançado de Direito do Consumidor;
  4. Manual de Prática Trabalhista.

Decisão não se caracteriza como censura prévia por não ter sido determinada preventivamente, afirmou Dino. "A decisão que adoto ao presente caso não impõe aos recorridos qualquer restrição que ofenda a proteção da liberdade de manifestação em seu aspecto negativo, ou seja, ela não estabelece imposição inconstitucional de censura prévia, cujo traço marcante é o caráter preventivo e abstrato de restrição à livre manifestação de pensamento", argumentou o ministro.

Livros usam termos como "anomalia sexual" ao se referirem à comunidade LGBTQIA+. Em outros trechos, as obras também associam a comunidade ao HIV, o vírus que causa aids. Essa associação é preconceituosa porque a doença causada pela infecção pelo HIV não tem relação com orientação sexual, mas com a prática de relações sexuais sem proteção.

Conteúdo cita mulheres como de "uso exclusivo de jovens playboys". Outra parte dos livros diz que isso ocorre porque, na sociedade brasileira, há um "determinismo" que dita que "as mais lindas e gostosas" devem escolher homens nesse perfil, mas que outras também preferem "playboys velhos de 40, 50 e 60 anos, que teimam em roubar as mulheres mais cobiçadas do mercado".

O UOL tenta localizar os autores das obras que tiveram circulação retirada. A reportagem também entrou em contato com o advogado listado como representante legal da Conceito Editorial, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que informava a primeira versão do texto, os livros não estão mais disponíveis na biblioteca da Universidade Estadual de Londrina. Eles foram retirados em 2013. O texto foi corrigido.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Dino proíbe quatro livros de direito com trechos homofóbicos e misóginos - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Política