Lula não ligou para Trump após vitória, diz ministro: 'Trabalhando nisso'

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse em entrevista ao UOL News desta terça (12) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não ligou para o presidente recém-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e que a equipe ainda "está trabalhando nisso".

[Lula] Até agora não [ligou para Trump], mas é possível que ligue proximamente. Pode ser um dia, pode ser dois, depende da disponibilidade de todos. Por enquanto, o que eu posso dizer é que ele não telefonou ainda.

Houve uma manifestação, uma mensagem, um tweet do presidente [Lula]. Depois nós vamos ver. Estamos trabalhando, já tivemos contatos com as equipes dos dois candidatos [Kamala e Trump]. Então, estamos trabalhando nisso.
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores

Sobre uma possível saída dos EUA de acordos multilaterais, Vieira afirmou que é preciso esperar que o governo recém-eleito faça sua avaliação, mas que o Brasil espera poder continuar a trabalhar com o governo dos EUA. Existe a possibilidade de que Trump deixe o Acordo de Paris, que estabelece metas para limitar o aquecimento global.

A decisão de sair de um acordo multilateral tem seu o preço, tem o seu ônus, não só na matéria específica tratada pelo acordo, como também na imagem internacional do país. Eu acho que todos os dados serão avaliados e ponderados de acordo com as orientações do governo, do governo do presidente Trump, recentemente eleito.

Nós temos que esperar para saber a disposição e a compatibilidade desses acordos mencionados com relação às políticas que serão implementadas. Nós podemos dizer que esperamos trabalhar com o governo americano, com as novas autoridades, como sempre fizemos com todos os governos americanos, sempre na defesa do interesse do Brasil com os temas que são importantes e também na defesa do multilateralismo.
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores

De acordo com o ministro, a reunião do G20, que será realizada nos próximos dias 18 e 19, no Rio de Janeiro, está se debruçando sobre uma declaração a respeito do conflito em Gaza e Ucrânia. O Brasil negocia a inclusão de um pedido por paz nos dois locais. Mauro Vieira disse que a declaração, se aprovada, deve ser "equilibrada" e buscar soluções.

As posições não são todas coincidentes, obviamente, mas há um grande esforço. O trabalho está neste momento no Rio de Janeiro. É um grupo de altos funcionários de todos os países trabalhando justamente em uma versão final. Já foram tratados esses temas em várias reuniões setoriais. Houve cerca de 30 reuniões ministeriais. E o G20 como um todo, contando com os grupos de trabalho, são 120 reuniões ao longo deste ano.

Evidentemente, que essas questões geopolíticas não são tratadas em todos os grupos de trabalho. Mas há um consenso e há uma linguagem já acordada, uma linguagem mínima, que poderá ser perfeitamente aprovada nesses dias desse trabalho que está sendo feito, nesse esforço de negociação do texto da declaração final.

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Já há conversas muito avançadas [em relação à questão de Gaza], já há termos básicos que podem ser aprovados ou não, vamos ver, espero que sim e que seja muito exitosa essa presidência do Brasil [no G20], inclusive com essa contribuição final.

Estão sendo negociados ainda [os temos da contribuição final] e, em breve, serão conhecidos. Será na linha tradicional da presidência do Brasil no G20, que é equilibrada ao reconhecer os dois conflitos e buscar, sobretudo, soluções.
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores

Brasil está entre os países com jornada mais excessiva, destaca advogada

O Brasil tem uma herança de exploração no trabalho e uma jornada de trabalho que está entre as maiores do mundo, com total de 44 horas semanais, destacou a advogada trabalhista e professora da PUC/RJ, Fernanda Perregil, ao UOL News.

Uma Proposta de Emenda à Constituição, apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) busca extinguir a jornada 6x1 e tem levantado debates pelo país.

A gente tem, sim, no Brasil uma herança de um trabalho de exploração, dessa precariedade que a gente vê agora, que é uma coisa terrível. Mas quando a gente compara o Brasil com outros países, em termos de jornada, a gente vê que o Brasil está entre os países com uma jornada mais excessiva. A gente tem 44 horas semanais. A gente pega outros países como a China, que tem um trabalho ainda mais intenso, onde a jornada é de 48 horas. E a gente foge do modelo europeu, que lá a média é de 37 horas.
Fernanda Perregil, advogada trabalhista

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Sakamoto: Nikolas passa recibo e mostra 6x1 como derrota do extremismo

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) sentiu as críticas por se posicionar contra o projeto que discute o fim da escala de trabalho 6x1 e agora tenta mudar o foco do debate, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News.

Nikolas sentiu pesadamente a crítica. É extremamente interessante como parte da extrema direita está passando um recibo muito grande por conta dessa discussão, que tomou o tamanho que tomou exatamente por atingir conservadores, progressistas, direita e esquerda.

Independentemente das diversas identidades e condições da maior parte da população brasileira, somos todos trabalhadores e estamos sob a mesma matriz de problemas. Esse tema ajudou uma parte significativa da esquerda a lembrar que a pauta do trabalho e das condições mínimas de qualidade de vida pega todos.
Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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