Conteúdo publicado há 25 dias

Altamente destrutivas, bombas de ataque ao STF eram feitas com isqueiro

Feitas com tubos de PVC, pólvora e fragmentos metálicos, as bombas caseiras fabricadas por Francisco Wanderley Luiz e usadas em ataque ao STF (Supremo Tribunal Federal) na quarta-feira (13) tinham alto poder de destruição, segundo a PF (Polícia Federal).

O que aconteceu

Wanderley Luiz tentou lançar bombas caseiras contra o STF, na praça dos Três Poderes. O homem, de 59 anos, portava dispositivos conhecidos como "pipe bombs". Durante o ato, ele acionou um explosivo que causou sua própria morte.

Os artefatos simulavam granadas e apresentavam alto potencial destrutivo. Fabricadas com tubos ("pipes", em inglês, por isso o nome "pipe bombs") de PVC como estrutura principal, eles continham pólvora e elementos de fragmentação, como parafusos e porcas, para ampliar os danos causados pela explosão. "Esses artefatos tinham um grau de lesividade muito grande e poderiam causar danos ainda mais severos", afirmou Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, em uma entrevista coletiva à imprensa na sexta (15).

Os dispositivos foram projetados para acionamento manual e remoto. Alguns artefatos tinham isqueiros fixados para acionar o pavio, enquanto outros apresentavam mecanismos de acionamento remoto, indicando maior sofisticação. "Encontramos elementos que simulavam granadas, mas com um impacto muito maior devido ao material de fragmentação", detalhou Rodrigues.

O ataque foi frustrado pelas condições climáticas. A chuva intensa na Praça dos Três Poderes na noite do atentado reduziu a capacidade dos explosivos, evitando danos ainda maiores. Apesar disso, fragmentos ainda causaram estragos parciais no local onde explodiram.

Mais explosivos foram encontrados em vários locais relacionados ao suspeito. Artefatos semelhantes estavam no veículo usado por Wanderley Luiz, em um trailer alugado por ele e em sua residência, em Ceilândia. Durante as buscas, algumas bombas armadas foram detonadas controladamente pelas equipes de segurança.

Extintor lança-chamas

Além das bombas, o suspeito usava um extintor de incêndio adaptado. O dispositivo estava carregado com gasolina, funcionando como um lança-chamas improvisado. Segundo Rodrigues, o conjunto de artefatos evidenciava "uma ação cuidadosamente premeditada e de alta gravidade".

O diretor-geral da PF destacou a premeditação do ataque. "Essa pessoa passou meses planejando o atentado, o que nos aponta uma ação cuidadosamente premeditada e não um ato impulsivo", declarou Rodrigues. O suspeito utilizava redes sociais para divulgar intenções e deixar mensagens com ameaças explícitas.

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A PF investiga possíveis vínculos de Luiz com grupos extremistas. Apesar de a ação ter sido individual, há indícios de conexões com movimentos radicais. "A ação pode ter sido visivelmente individual, mas não acreditamos que esse tipo de ataque seja completamente isolado de outras redes ou ideias extremistas", explicou o diretor-geral.

A segurança foi reforçada em Brasília após o atentado. A esplanada dos ministérios permaneceu isolada para novas perícias. A PF trabalha com outras forças para evitar novos episódios.

As investigações continuam com foco em identificar possíveis cúmplices. A Polícia Federal busca esclarecer o financiamento das operações e a origem dos materiais usados. "Não descartamos nenhuma possibilidade, seja de apoio financeiro, logístico ou de colaboração técnica", concluiu Rodrigues.

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