'Quatro linhas é o c...': quem é Mario Fernandes, general preso pela PF
Do UOL, em São Paulo
20/11/2024 09h41
Mario Fernandes, general da reserva e ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, foi preso ontem pela Polícia Federal. Ele é suspeito de ser uma das pessoas que tramou o plano de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Em troca de mensagens, ele chegou a dizer, segundo a investigação: "Me desculpe a expressão, mas quatro linhas é o caralho. Quatro linhas da Constituição é o caceta. Nós estamos em guerra, eles estão vencendo (...)".
Quem é Mario Fernandes
General da reserva e atuante no governo Bolsonaro. Mario Fernandes foi secretário-executivo do ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência) no governo de Jair Bolsonaro (PL) e chegou a ser ministro interino. Ele também foi assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde de Bolsonaro.
Mario Fernandes foi promovido a general de brigada em 2016 e passou para a reserva em agosto de 2020. Na época, ele comandava o Comando de Operações Especiais, os chamados "kids pretos". Em novembro de 2022, após a derrota de Bolsonaro, ele pressionou o então comandante do Exército, Freire Gomes, a aderir ao golpe: "É agora ou nunca mais, comandante, temos que agir!", escreveu ele, segundo uma reportagem da revista piauí.
Investigação da PF aponta que ele seria um dos militares "mais radicais" da trama golpista. Fernandes teria, inclusive, atuado como elo entre os manifestantes acampados em quarteis generais pelo país após as eleições de 2022 e o governo federal e militares de diferentes patentes.
Antes, foi alvo de buscas da PF em outra operação. Ao analisar os materiais apreendidos nessa operação, incluindo o celular pessoal dele e dispositivos eletrônicos, como um HD externo, a PF se deparou com um conjunto de novas informações, incluindo um arquivo com plano de assassinato de autoridades e até uma minuta para instituir um "Gabinete Institucional de Gestão da Crise" após os eventuais assassinatos.
Participou de acampamentos golpista e trocou mensagens com radicais. Material foi juntado na representação da PF levada ao STF para solicitar as prisões de ontem. Segundo a PF, as trocas de mensagens de áudio Fernandes com indicações golpistas com diferentes interlocutores começaram a se intensificar em 1 de novembro, logo após o segundo turno das eleições 2022.
Troca de mensagens
Confira abaixo algumas das mensagens que o general da reserva trocava no WhatsApp com militantes bolsonaristas e integrantes do governo. Diálogos incluem o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e hoje delator, Mauro Cid, que teve que se explicar nesta terça-feira para a PF sobre o teor do material, já que parte dele não constava na delação premiada.
Encontro com Bolsonaro
Vídeo para o comandante do Exército
PF aponta que Fernandes pediu para Cid encaminhar vídeo com conteúdo golpista. O pedido aconteceu no dia em que o então presidente estava reunido com os comandantes das três Forças para discutir a proposta de minuta golpista.
'Quatro linhas é o c....'
General mantinha contato com diferentes militares que expunham seu radicalismo. Em 5 de novembro ele recebe uma série de mensagens de áudio do coronel Reginaldo Vieira de Abreu.
'Tem que dar uma forçada de barra'
'Vamos pro vale tudo'
Em outro diálogo, ele conversa sobre uma live feita por um argentino com fake news sobre as urnas. Vídeo foi difundido por bolsonaristas na eleição daquele ano como parte da estratégia para atacar as urnas. O interlocutor, identificado como Hélio Osório Coelho, é nomeado no celular como sendo integrante da "comunidade evangélica" e afirma que estava se reunindo com pastores para discutir sobre o resultado das eleições.
Lideranças de acampamento golpista
Fernandes se comunicava com lideranças do acampamento em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília. O relatório da PF mostra que o casal Rodrigo Ikezili e Klio Hirano, que tratava de questões logísticas das manifestações, pediu orientações ao general sobre a entrada de tendas e a realização de um churrasco no local. Hirano chegou a ser presa por atuação nos atos de vandalismo em 12 de dezembro de 2022, dia da diplomação de Lula no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).