Câncer, cadeira de rodas e cirurgia no crânio: o histórico de saúde de Lula
O presidente Lula se recupera bem, segundo os médicos do Hospital Sírio-Libanês, de uma cirurgia de emergência na madrugada desta terça (10) para tratar um sangramento no crânio devido a uma queda no Alvorada em outubro.
Esta não é a primeira cirurgia ou emergência de saúde que o presidente enfrenta.
Relembre o histórico médico de Lula
Bem antes de se tornar presidente, Lula perdeu o dedo mínimo da mão esquerda, em 1964. O acidente aconteceu quando Lula era torneiro mecânico da metalúrgica Independência, na Vila Carioca, em São Paulo. Segundo ele, em um de seus turnos da madrugada, uma das prensas quebrou. Ele então fez um parafuso para consertar, mas ao colocá-lo dentro da máquina acabou tendo o "mindinho" amputado.
Eu fiz o parafuso e, quando fui colocar, o companheiro prensista que estava cochilando distraiu-se, largou o braço da prensa, que fechou, e eu perdi o dedo.
Lula, em uma das primeiras entrevistas em que falou sobre o tema, concedida ao jornalista Mário Morel, em 1979
Em 1988, quando era deputado federal, Lula passou por uma cirurgia de emergência também. Ele precisou retirar o apêndice, segmento do intestino grosso, após um quadro de apendicite (inflamação) aguda, reportou a Folha.
Lula já teve bursites nos dois ombros. Desde a campanha que o levou ao seu primeiro mandato, em 2002, o presidente já lidava com inflamações crônicas que causavam dores, por esforço repetitivo e exagerado.
Torções durante os dois primeiros mandatos o afastaram de compromissos. Em novembro de 2003, Lula teve o pé esquerdo imobilizado e acabou impedido de participar de uma cerimônia ao lado do então presidente boliviano, Carlos Mesa. Em novembro de 2006, pouco após sua reeleição, precisou de uma cadeira de rodas na Nigéria, durante uma cúpula com países africanos, devido a um problema no tornozelo direito.
Pólipo nasal levou o Lula à mesa de cirurgia em 2005. Pólipos são tecidos que surgem de forma anormal e que podem ser malignos — o que rapidamente se descobriu que não era o caso do presidente. No entanto, a retirada foi recomendada porque prejudicava sua respiração havia dois anos.
Crise hipertensiva resultou em internação de emergência em 2010. A pressão arterial de Lula subiu demais em janeiro daquele ano quando estava no avião que o levaria para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Como precaução, ele acabou internado no Real Hospital Português de Beneficência (RHP), em Recife, onde passou a noite antes de receber alta pela manhã. Na época, a agenda de Lula acabou cancelada por três dias por orientação médica.
Presidente teve câncer em 2011. Em outubro daquele ano, menos de um ano após deixar a Presidência, Lula brincou com a então presidente Dilma Rousseff que estava ficando rouco e a causa seria um câncer na garganta. Exames confirmaram o palpite dele e localizaram o tumor na laringe, causado por décadas de tabagismo e herança genética. Ele se curou da doença após tratamento com quimioterapia e radioterapia.
Lula teve covid-19 duas vezes durante a pandemia. Na primeira, em dezembro de 2020, ele teve de realizar quarentena em Cuba, onde estava quando a infecção foi detectada por testes preventivos. Tomografias apontaram lesões pulmonares compatíveis com broncopneumonia associada à covid-19, mas Lula teve "excelente recuperação", divulgou na época. Em junho de 2022, Lula acabou testando positivo pela segunda vez, mas permaneceu assintomático —ele já havia se vacinado.
Em 2022, ele apresentou nova lesão na laringe. Após vencer as eleições, Lula recebeu o diagnóstico de uma leucoplasia na prega vocal esquerda, uma lesão branca e plana que pode acometer qualquer mucosa da boca e da garganta. Exames descartaram câncer na região e a leucoplasia que causava sua rouquidão foi removida cirurgicamente, com boa recuperação.
Uma bursite, agora no joelho, acabou incapacitando Lula temporariamente em fevereiro de 2023. O presidente cancelou sua presença em um evento da Caixa, após fortes dores em uma das pernas e acabou recebendo atendimento para o controle da dor. Ele fez infiltrações, aplicações de medicamento no local da inflamação do tecido que recobre os tendões e teria a função de diminuir o atrito na articulação.
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Quero receberInfluenza A e pneumonia "leve" afastaram o presidente um mês depois. Lula acabou cancelando uma viagem à China, entre outros compromissos oficiais, e seguiu despachando do Palácio da Alvorada, a residência oficial, por cerca de uma semana.
Quadril passou a incomodar o presidente em julho de 2023. Lula recebeu uma denervação percutânea no lado direito, procedimento para aliviar as dores de que sofria "na cabeça do fêmur" há meses. O presidente tinha uma artrose na região e acabou se submetendo em outubro daquele ano a uma artroplastia total de quadril, cirurgia para colocar duas próteses. Na prática, partes dos ossos da coxa e da bacia foram retiradas e substituídas por peças artificiais de metal e porcelana.
Cirurgia plástica foi realizada no mesmo dia. Lula aproveitou a internação e realizou ainda uma blefaroplastia, remoção de excesso de pele nas pálpebras que pode ser realizado por razões estéticas ou para melhorar a visão, já que a sobra pode acabar cobrindo parcialmente os olhos. Ele se recuperou bem dos dois procedimentos, informaram seus médicos.
Curativo misterioso revelou tratamento dermatológico em junho. O presidente compareceu a diversos eventos públicos com um curativo no dedo médio da mão esquerda. À Folha, membros da equipe do Planalto revelaram que o presidente retirou uma verruga debaixo de uma unha.
Queda levou ao primeiro sangramento cerebral em outubro. Na época, Lula escorregou no banheiro do Alvorada, mas não perdeu a consciência. Ele procurou atendimento médico hospitalar, recebeu pontos e foi monitorado com exames clínicos e de imagem — o que identificou o sangramento que levou à decisão de cancelar sua ida à Rússia. No entanto, após novo mal-estar na segunda (9), médicos decidiram realizar uma cirurgia para drenar um sangramento dentro do crânio do presidente.
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