Bolsonaristas se irritam com secretariado de Nunes: 'Esperávamos mais'
Integrantes do PL e aliados de Jair Bolsonaro (PL) não estão satisfeitos com as escolhas do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para compor a Prefeitura de São Paulo.
O que aconteceu
A insatisfação se agravou após o vice-prefeito de São Paulo, coronel Mello Araújo (PL), não assumir a Secretaria de Projetos Estratégicos "em comum acordo" entre ele e o prefeito. Nunes havia anunciado que o vice iria assumir a pasta logo após ser reeleito.
Bolsonaro e seus aliados haviam sugerido nome para a Secretaria de Esportes. Segundo o UOL apurou com pessoas próximas ao ex-presidente, o nome de Marcelo Magalhães —secretário Especial de Esportes em seu governo— foi indicado. Contudo, o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, vetou a indicação. Com isso, o escolhido foi Rogério Lins, ex-prefeito de Osasco.
Além de pessoas próximas a Bolsonaro, vereadores da capital e integrantes do partido ouvidos pela reportagem acreditam que a legenda merecia mais secretarias. O partido agora comanda a Secretaria de Desestatização e Parcerias e a Secretaria do Verde e Meio Ambiente.
Presidente municipal do PL, Isac Félix, disse que é importante que Mello Araújo represente o partido como vice, mas que se esperava "mais reconhecimento". "Temos duas secretárias e não é do tamanho que o PL mereça. Com dois vereadores, tinha uma [secretaria], com sete, temos duas. O tamanho do PL triplicou, demos mais de 500 mil votos para o Ricardo".
Fui um dos mais que trabalhei para que o PL apoiasse Nunes e tínhamos expectativa de sermos reconhecidos com secretarias maiores, e não veio. Houve um empenho muito forte do PL. Esperávamos mais reconhecimento.
Isac Félix, presidente municipal do PL-SP
Ala do PL não se sentiu ouvida
Uma fonte do núcleo duro do bolsonarismo em São Paulo afirma que Nunes levou "os nomes dele", em referência à nomeação de quatro ex-prefeitos. Entre os escolhidos está o ex-prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, para a Secretaria de Segurança Urbana. "É um começo ruim. Quem não tem voto está governando nas costas de quem tem voto."
Entre os secretários, estão os ex-prefeitos de Osasco, São Bernardo do Campo, Jundiaí e Suzano. Confira a lista completa:
- Rogério Lins (Podemos), ex-prefeito de Osasco, vai comandar a Secretaria de Esportes;
- Orlando Morando (sem partido), ex-prefeito de São Bernardo do Campo, vai assumir a Secretaria de Segurança Urbana;
- Luiz Fernando Machado (PL), ex-prefeito de Jundiaí, foi nomeado para Secretaria de Desestatização e Parcerias;
- Rodrigo Ashiuchi (PL), ex-prefeito de Suzano, assume a Secretaria do Verde e Meio Ambiente.
Deputado federal do PL ligado à campanha à reeleição do prefeito afirma que a "bancada não está satisfeita" com as nomeações. "Faz parte do jogo. A [sigla] nacional interferiu e a gente tem que ficar quieto. Mas trazer um prefeito do interior? Na capital não tem alguém com capacidade? Não foram um, foram quatro", disse o parlamentar, que pediu para não ser identificado.
Partido fora das negociações pelas secretarias. A falta de diálogo da gestão com os vereadores do PL —que saltou de dois parlamentares para sete— também incomodou a bancada na Casa.
Lucas Pavanato (PL) afirmou ao UOL que não participou e nem foi consultado sobre as negociações em secretarias. Vereador mais votado da capital e apoiador de Nunes no segundo turno das eleições, ele afirma que mais pastas para o PL mostraria a importância do partido na campanha de Nunes.
É direito do partido devido ao tamanho e empenho na eleição [...] O vice-prefeito deveria ter algum espaço e participação mais ativa. Seria interessante para Nunes mostrar a importância do partido, do Bolsonaro e Tarcísio nas eleições.
Lucas Pavanato (PL), vereador
Apoio tímido a Nunes. A campanha à reeleição foi marcada pelo distanciamento de Jair Bolsonaro, que mostrou resistência em pedir voto para o emedebista e fez poucas aparições públicas ao lado do prefeito. O ex-presidente só esteve com Nunes na convenção que homologou a candidatura dele, ainda no período de pré-campanha, e depois em uma agenda na primeira semana do segundo turno, em uma churrascaria e numa igreja. Na ausência de Bolsonaro, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se tornou o grande fiador da campanha do emedebista.