Festejado há 45 dias pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia (UE) está verde e pode não amadurecer.
Na Europa, o aumento do desmatamento na Amazônia e a postura do governo brasileiro ao lidar com a questão geram não só desconforto, mas reações negativas
O ministro francês das relações exteriores, Jean-Yves Le Drian, rompeu com a tradicional discrição diplomática e ironizou o presidente brasileiro no início do mês:
"Ao que parece, houve uma emergência capilar. Essa é uma preocupação estranha para mim", disse por Bolsonaro ter cancelado um encontro e usar o horário para cortar o cabelo.
No último fim de semana, o governo alemão anunciou a suspensão de repasses de cerca de R$ 150 milhões para iniciativas de proteção ambiental. E já estuda retirar seus aportes ao Fundo Amazônia - que trouxe R$ 3,4 bilhões para o Brasil.
"Pode fazer bom uso dessa grana. O Brasil não precisa disso", reagiu Bolsonaro, que classifica as notícias sobre desmatamento de "sensacionalistas".
Ao fechar os olhos para o fogo que castiga a Amazônia e incendiar o discurso, Bolsonaro poderá acabar queimando a largada e ter comemorado um acordo que corre o risco de virar cinzas.
Isso porque o tratado ainda precisa ser aprovado pelos congressos dos países do Mercosul e da Europa - cada vez mais crítica e criticada por Bolsonaro.