A vitória do democrata e ex-vice-presidente Joe Biden hoje na eleição para a Presidência dos EUA representa uma mudança drástica na condução ideológica da política externa norte-americana, o que pode causar, ao menos em um primeiro momento, uma situação de isolamento diplomático brasileiro.
Coordenada pelo chanceler Ernesto Araújo e por uma ala mais "olavista" do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), a "nova política externa brasileira" é pautada no alinhamento automático aos EUA — o que já ocorreu outras vezes no Itamaraty.
Ao priorizar as vontades do atual presidente republicano frente a interesses nacionais, contudo, ela é também definida por especialistas e membros da diplomacia como um "alinhamento a Donald Trump".
Após a rejeição do eleitorado americano a Trump, será preciso uma mudança no discurso adotado atualmente pelo Brasil, avaliam especialistas ouvidos pelo UOL. Temas que uniam os presidentes brasileiro e americano, como saúde públicas, mudanças climáticas e direitos humanos, receberão outra abordagem pelo Partido Democrata.
Além disso, ao contrário do que ocorreu com a vitória do argentino Alberto Fernández em 2019 — quando Bolsonaro lamentou o resultado das eleições e não compareceu à posse —, o governo Bolsonaro deve logo adotar uma postura pragmática (com ações mais objetivas e afastadas de valores ideológicos). Até a definição dos resultados das urnas, o presidente brasileiro declarava "lealdade" a Trump e torcida por sua vitória.