Sem Bolsonaro, Mourão irá à posse de Fernández na Argentina
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), representará o Brasil na posse do novo presidente da Argentina, Alberto Fernández, e de sua vice, Cristina Kirchner, nesta terça-feira (10).
A ida de Mourão na capital argentina amanhã foi confirmada ao UOL pelo porta-voz da República, Otávio Rêgo Barros, nesta tarde, e por fontes do governo brasileiro acionadas pela reportagem em Buenos Aires.
O vice-presidente fará as vezes de Jair Bolsonaro (sem partido), que rompe uma tradição de mais de 30 anos e deve faltar à cerimônia no país vizinho, um dos principais destinos das exportações brasileiras.
Equipe de Mourão ainda não sabe e está em Manaus
Apesar das confirmações do Planalto, em Manaus, a equipe de Mourão ainda não tinha a informação das mudanças na agenda — o que sugere que a decisão foi de última hora.
Parte da equipe do vice-presidente viajou para a capital amazonense, onde havia previsão de que Mourão recebesse o título de Cidadão do Amazonas.
Mas segundo uma fonte do Palácio, Mourão deve viajar hoje mesmo para Buenos Aires e cancelar o compromisso em Manaus.
Em Brasília pela manhã, questionado por jornalistas sobre a ausência na posse, Bolsonaro disse que "nosso comércio com a Argentina continua sendo da mesma forma, sem problema nenhum, não vai se mexer em nada".
Bolsonaro criticou Fernández
Desde o retorno da democracia em ambos os países, os presidentes brasileiros foram a todas cerimônias de posse dos pares argentinos eleitos pelo voto popular.
A ausência de Bolsonaro será, além de inédita, mais um capítulo na onda de troca de farpas entre os presidentes das maiores economias sul-americanas.
Em diversas ocasiões, Bolsonaro criticou Fernández e declarou que preferia a reeleição de Mauricio Macri. O presidente brasileiro também afirmou que "bandidos de esquerda começaram a voltar" sobre a situação política no país vizinho.
Já Fernández, durante a campanha na Argentina, chegou a dizer que Bolsonaro é "racista, misógino e violento".
Nesse contexto, Bolsonaro declarou que não iria à posse de Fernández e Cristina Kirchner.
Bolsonaro iria enviar ministro, mas desistiu
Há cerca de um mês, o governo brasileiro havia afirmado que o ministro da Cidadania Osmar Terra (MDB) seria enviado para a posse de Fernández.
Ontem, no entanto, o jornal argentino Clarín afirmou que Bolsonaro cancelou a ida de Terra após o presidente da Câmara de Deputados do Brasil, Rodrigo Maia (DEM), ter se reunido com seu par argentino, Sergio Massa, e com o presidente eleito, Alberto Fernández,
Segundo a publicação, Bolsonaro teria se incomodado com a presença de dois legisladores "de esquerda" na comitiva que foi à Argentina.
Os líderes parlamentares que viajaram foram Aguinaldo Ribeiro (PP), líder da maioria na Câmara, Baleia Rossi (MDB), Paulo Pimenta (PT), Elmar Nascimento (DEM) e Orlando Silva (PC do B).
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