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Covid-19: pandemia atinge com força EUA e Brasil, e casos aumentam na Europa

Mehmet Emin Menguarslan / Anadolu Agency
Imagem: Mehmet Emin Menguarslan / Anadolu Agency

Paris (França)

25/06/2020 21h00

A pandemia do novo coronavírus atinge com força os Estados Unidos, com um aumento expressivo de casos no sul e oeste do país, e continua devastando o Brasil, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje para o aumento de casos na Europa.

Os Estados Unidos, país do mundo com maior número de mortes e casos, registrou nas últimas 24 horas mais de 35.900 novos contágios, principalmente no sul e oeste do país, marcando um ritmo de contágio que não se via desde abril.

Hoje, o estado do Texas - um dos primeiros a promover o desconfinamento - anunciou que dará um passo para trás, impondo uma "pausa temporária" após registrar mais de 5.000 novos casos por dois dias seguidos, e depois do número de internações dobrarem em apenas duas semanas.

"Caso isso não seja contido nas próximas semanas, ficará totalmente fora de controle", ressaltou o governador republicano do Texas, Greg Abbott.

No total, 2,3 milhões de pessoas contraíram a doença na maior economia do mundo, com quase 122.000 mortos, segundo dados oficiais.

Nesta quinta, o diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Robert Redfield, informou que entre 5% a 8% da população americana foi infectada, segundo projeção com base em testes sorológicos.

Isso equivale a dez vezes os números oficiais e mostra que cerca de 24 milhões de pessoas teriam contraído o vírus no país.

Vinte e nove estados enfrentam um ressurgimento dos casos de coronavírus, em um momento em que o país segue lutando contra do desemprego gerado pela pandemia, com cerca de 1,48 milhão de novas demissões, segundo dados semanais publicados pelo Ministério do Trabalho americano.

Homem usa máscara com as cores da bandeira dos Estados Unidos (EUA) durante pandemia do coronavírus - Alexi Rosenfeld/Getty Images - Alexi Rosenfeld/Getty Images
Homem usa máscara com as cores da bandeira dos Estados Unidos (EUA) durante pandemia do coronavírus
Imagem: Alexi Rosenfeld/Getty Images

Mortes de médicos no Peru

No Brasil, o segundo país mais afetado pela pandemia, os contágios e mortes por coronavírus aumentam de forma vertiginosa. Nas últimas 24 horas foram registrados 39.483 novos casos e 1.141 vítimas fatais, de acordo com o ministério da Saúde.

O país acumula 54.971 óbitos e 1.228.114 casos confirmados.

O estado de Minas Gerais não descarta impor um confinamento para conter a escalada de casos e evitar o colapso do sistema de saúde.

O presidente Jair Bolsonaro, que minimizou em várias oportunidades a gravidade da pandemia, usou máscara em um ato oficial em Brasília nesta semana, depois que um juiz do Distrito Federal determinou na segunda-feira que ele deveria utilizar a peça obrigatoriamente em locais públicos, sob risco de multa.

A América Latina e o Caribe superaram a marca de 100.000 mortos, mas a região, segundo a OMS, ainda não alcançou o pico da epidemia.

No Peru, um país fortemente atingido pela doença e com cerca de 8.586 mortos, um grupo de sindicatos alertou nesta quinta que há 1.850 médicos doentes e 65 mortos pela COVID-19.

A situação do México (mais de 24.300 mortos, segundo país latino-americano mais afetado) também é muito preocupante.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), unidade regional da OMS, afirmou além da "ampla circulação" do vírus no México, há "transmissão generalizada" na América Central, com "alta incidência" em Panamá e Costa Rica, sobretudo na fronteira com a Nicarágua.

Ressurgimento "muito significativo"

A OMS informou que a Europa tem registrado diariamente cerca de 20.000 novos casos e 700 mortes pela COVID-19.

"Na semana passada, a Europa registrou um aumento no número de casos semanais pela primeira vez em meses. Em 11 países, a transmissão acelerada levou a um ressurgimento muito significativo que, se não for controlado, levará novamente ao limite os sistemas de saúde europeus", afirmou o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge, em Copenhague.

Até o momento, o continente europeu contabiliza 194.758 vítimas fatais e 2.593.193 contágios.

No mundo, a pandemia provocou mais de 482.000 mortes e 9,4 milhões de casos, de acordo com balanço atualizado da AFP, elaborado com base em dados oficiais.

Na terça-feira, por exemplo, a Alemanha determinou o retorno do confinamento de uma região ondem vivem 600.000 pessoas devido ao surgimento de um foco de infecções no maior matadouro da Europa.

Na Espanha, as autoridades sanitárias indicaram que analisam com preocupação três novos surtos.

Apesar do alerta, a Torre Eiffel reabriu nesta quinta depois de mais de 100 dias fechada.

"Estou quase chorando, mas é de felicidade", disse à AFP Therese, uma das primeiras visitantes a subir novamente no espaço turístico, usando máscara para cumprir as normas sanitárias.

Recessão mundial

Na área econômica, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou que o vírus provocou uma "crise como nenhuma outra", que pode levar a uma queda do PIB mundial de 4,9% em 2020.

A China, onde a epidemia surgiu e dezembro, será a única economia com crescimento este ano, de apenas 1%, prevê o FMI, enquanto os Estados Unidos devem registrar uma queda de 8% do PIB. Na Eurozona, a contração será de 10%, com quedas de dois dígitos na Espanha, França, Itália e Reino Unido.

Na América Latina e Caribe a recessão será mais profunda que a prevista em abril, com uma contração do PIB regional de 9,4% contra 4,2% previsto anteriormente.

Apesar das previsões funestas, uma relativa normalidade retorna à Europa.