O que é o 'tumor virtual', uma nova maneira de estudar o câncer
Pesquisadores afirmam que inovação ampliará nossa compreensão do câncer e ajudará na busca por novos tratamentos.
Cientistas de Cambridge, na Inglaterra, criaram um modelo 3D de realidade virtual de um câncer, uma nova maneira de examinar a doença.
A amostra do tumor, tirada de um paciente, pode ser estudada em detalhes e de todos os ângulos, com cada célula individual mapeada.
Pesquisadores dizem que isso ampliará nossa compreensão do câncer e ajudará na busca por novos tratamentos.
- A cirurgia que é nova esperança contra o câncer de pâncreas, um dos mais letais
- Cientista brasileiro descobre na Antártida bactérias que podem ajudar na luta contra o câncer
O projeto faz parte de um esforço de pesquisa internacional.
Como foi feito
Para criar o modelo, os pesquisadores fizeram uma biópsia do tecido tumoral de uma mama. A amostra de 1mm² continha cerca de 100 mil células.
A amostra foi então dividida em fatias bem finas, que foram escaneadas. Depois, marcadores coloridos foram aplicados para identificar sua composição molecular e características do DNA.
O tumor foi então reconstruído usando realidade virtual para criar um modelo 3D que pode ser analisado em um laboratório virtual acessível de qualquer lugar do mundo.
"Ninguém analisou antes a composição de um tumor com este nível de detalhamento. É uma nova maneira de enxergar um câncer", disse à BBC o professor Greg Hannon, diretor do Instituto de Pesquisa do Câncer do Reino Unido (CRUK, na sigla em inglês) e líder da pesquisa.
O projeto do "tumor virtual" faz parte de um programa do CRUK, o Grand Challenge Awards, que oferece financiamentos de 20 milhões de libras (cerca de R$ 100 milhões), liberados ao longo de cinco ou seis anos, para projetos inovadores de pesquisa sobre câncer.
A equipe de Hannon, composta por 15 cientistas do Reino Unido, Suíça, Canadá e Irlanda, começou a ser financiada pelo CRUK em 2017.
Como funciona
Dentro do laboratório virtual, Hannon e eu nos tornamos avatares, enquanto o câncer era representado por uma massa multicolorida de bolhas.
O tumor que estávamos observando por meio de nossos óculos de realidade virtual havia sido retirado do tecido de ductos de leite de uma mama.
Embora a amostra de tecido humano tivesse aproximadamente o tamanho de uma cabeça de alfinete, ela pode ser ampliada dentro do ambiente digital para ser vista como se tivesse vários metros de diâmetro.
Para explorar o câncer mais detalhadamente, o sistema de realidade virtual nos permite "voar em meio" às células.
Enquanto o professor Hannon girava o modelo, apontei para um grupo de células que estavam voando para fora do grupo principal. "Aqui você pode ver algumas células tumorais que escaparam do ducto", explicou o cientista.
Hannon disse que aquele poderia ser o ponto em que o câncer se espalhou para o tecido ao redor e se tornou realmente perigoso. "Examinar o tumor em 3D nos permite capturar esse momento."
Karen Vousden, cientista-chefe do CRUK, dirige um laboratório no Instituto Francis Crick, em Londres, que examina como genes específicos nos ajudam a nos proteger do câncer e o que acontece quando há algo errado com eles.
Ela explica que ver tumores usando este novo sistema é "muito mais dinâmico" do que nas versões 2D estáticas que são normalmente usadas.
"Entender como as células cancerígenas interagem umas com as outras e com tecidos sadios é fundamental para desenvolvermos novas terapias", disse ela à BBC.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
https://www.youtube.com/watch?v=JSgoUvBKCZE
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.